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O Brasil poderia deixar os BRICS? Revista acredita que sim

© Foto / Beto Barata/PRPresidente a caminho da tradicional foto dos chefes de Estado do Brics.
Presidente a caminho da tradicional foto dos chefes de Estado do Brics. - Sputnik Brasil
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A publicação National Interest avaliou os movimentos recentes da política externa de Michel Temer e concluiu que, dada a pressa do governo em priorizar relações econômicas em detrimento das diplomáticas, esta poderia ser uma possibilidade.

O artigo assinado pelo analista W. Alejandro Sanchez, conhecido especialista em assuntos relacionados a defesa e colaboração estratégica, pondera que os dois anos do presidente Michel Temer à frente do governo federal são pouco tempo para desenhar uma política externa estável. Preocupado em se recuperar do cenário de recessão econômica que domina o noticiário desde o final de 2014, o país tem se ocupado de lançar as bases para a solidificação de parcerias comerciais, superando o modelo de cooperação Sul-Sul (em que nações em desenvolvimento colaboram entre si com menos ingerência das potências industriais) que foi a marca dos governos Lula e Dilma.

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Embora reconheça aproximação entre Brasília com Moscou e Pequim, Sanchez pontua o pouco espaço que a agenda com os indianos e sul-africanos ocupa na lista de prioridades do Itamaraty desde a ascensão de Temer à presidência.

"(…) Quanto às relações do Brasil com a Índia e a África do Sul, a ideia da cooperação Sul-Sul está paralisada. Isto é particularmente verdadeiro para a Índia, já que raramente houve novas iniciativas nas relações entre Brasília e Nova Deli, além da visita do primeiro-ministro Narendra Modi a Fortaleza, Brasil, para a cúpula dos BRICS em 2014 e algumas iniciativas relacionadas à defesa (como a Exercícios IBSAMAR [desempenhado pelas marinhas da Índia, Brasil e África do Sul] o último realizado em 2016). Em todo caso, a principal prioridade da Índia em relação à América Latina atualmente é o México e não o Brasil".

Sanchez argumenta ainda que desde a cúpula dos BRICS em 2016, o Brasil dá sinais de que pode renegar as relações com os BRICS à segunda instância de sua prioridade estratégica. À época, a The Wire publicou um artigo relatando a contradição entre o discurso de fortalecimento com os BRICS e a prática alinhada aos interesses americanos adotadas por Michel Temer e seu Ministério das Relações Exteriores.

"Como um dos membros fundadores do BRICS, o Brasil foi liderado por dois presidentes que, fundamentalmente, compartilhavam um conjunto de preocupações relacionadas ao papel e ao domínio dos EUA nas estruturas de governança global. Isso não é mais o caso. Apesar das incertezas relacionadas às eleições de Donald Trump, há indícios de que o Brasil retornará a uma política externa mais alinhada com os interesses dos EUA. Isso provavelmente levará a tensões com pelo menos dois estados dos BRICS — Rússia e China", dizia o artigo na época.

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Embora seja precoce afirmar o desinteresse de Brasília com os BRICS — especialmente quando o grupo discute maior atuação do Novo Banco de Desenvolvimento, a criação de uma criptomoeda conjunta e sobretudo a aproximação das eleições gerais em 2018 que mode mudar radicalmente os rumos do país — um efeito prático do novo momento das relações planejadas pelo Brasil pode ser conferido com a formalização do pedido para integrar a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

O órgão é popularmente conhecido como "clube dos ricos" por reunir as nações mais desenvolvidas do planeta. Nenhum país dos BRICS participa.

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