Os grupos que compõem as FDS estão realizando uma ofensiva em direção a Deir ez-Zor a partir do leste do rio Eufrates. Do outro lado do rio, tem lugar uma campanha de libertação da cidade das mãos do Daesh (organização terrorista proibida na Rússia), realizada em conjunto pelo Exército sírio e pela Força Aeroespacial russa.
Os curdos operam sob o comando dos EUA e da sua coalizão, que lhes fornecem todo o tipo de apoio, incluindo apoio aéreo. Em apenas alguns dias, as FDS fizeram um grande avanço em direção a Deir ez-Zor e agora estão a poucos quilômetros da cidade. O comando da aliança norte-americana informou que não permitirá que o exército sírio atravesse o Eufrates e recupere a sua margem leste.
O cientista político Aleksandr Asafov falou à agência FAN sobre a situação e as perspetivas do conflito armado na região.
"Hoje, os deslocamentos das formações curdas não têm nada a ver com suas zonas étnicas habituais. Neste caso não se trata de proteção das suas casas, mas de sua participação da guerra dos EUA contra Bashar Assad [presidente sírio]", disse Asafov.
Enquanto a pressão nos arredores de Deir ez-Zor continuar aumentando, também se agravará o confronto entre as partes.
"Era evidente que, mais cedo ou mais tarde, surgiriam problemas com os curdos. Penso que o conflito é quase inevitável […] É um problema sério que requer uma solução diplomática urgente, porque neste momento toda essa situação ameaça se tornar uma guerra aberta, uma batalha de todos contra todos".
No entanto, é necessário recordar que incidentes similares ocorreram várias vezes. A Força Aérea dos EUA, cuja implantação e operações na Síria não foram abaladas nem por Damasco nem pelo Conselho da Segurança da ONU, bombardeou as posições do exército sírio em Deir ez-Zor várias vezes, o último ataque foi realizado em junho de 2017. A aviação de Israel, o principal aliado dos EUA na região, atacou muitas vezes instalações sírias no centro do país. Em abril de 2017, navios dos EUA lançaram mísseis Tomahawk contra a base aérea de Shayrat na Síria. Meses depois, um caça norte-americano derrubou um bombardeiro sírio perto de Raqqa.
Desta forma, não é surpreendente que Washington opte mais uma vez pela "linguagem das armas" e ataque novamente as tropas sírias nos arredores de Deir ez-Zor, porque esta região é a que tem as maiores reservas de hidrocarbonetos no país, concluiu Asafov.