Poderão EUA destruir aliança estratégica entre Moscou, Teerã e Ancara?

© Sputnik / Ilia Pitalev / Acessar o banco de imagensColetiva de imprensa dos ministros das Relações Exteriores do Irã, Rússia e Turquia, Mohammad Javad Zarif, Sergei Lavrov, Mevlut Cavusoglu, em Moscou, Rússia, 19 de dezembro de 2016
Coletiva de imprensa dos ministros das Relações Exteriores do Irã, Rússia e Turquia, Mohammad Javad Zarif, Sergei Lavrov, Mevlut Cavusoglu, em Moscou, Rússia, 19 de dezembro de 2016 - Sputnik Brasil
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Dov Zakheim, ex-subsecretário da Defesa dos EUA, declarou que o fenômeno mais curioso e alarmante da guerra na Síria é a reconciliação da Rússia e Turquia e sua aliança com Irã.

"A cooperação da Turquia e Irã na contenção da guerra na Síria é, provavelmente, uma sequência de algo que eles interpretam como fraqueza dos EUA e não de um surto de amor entre os dois países", escreveu Zakheim no seu artigo para a Foreign Policy.

A Sputnik Persa falou com o analista independente iraniano Farzad Ramazani Bonesh para saber se a aliança entre Ancara e Washington pode afetar a cooperação estratégica da Rússia, Irã e Turquia, e se esta interação tem futuro depois de a guerra síria acabar.

"No que diz respeito às relações entre Irã, Rússia e Turquia, se pode ver um progresso no desenvolvimento da cooperação trilateral em vários assuntos", salientou o especialista.

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No entanto, continuou Farzad Ramazani Bonesh, é claro que há certas divergências entre os interesses da Turquia e os de seus parceiros — Irã e Rússia, contudo, a cooperação continua e mostra que as partes podem ampliar a interação na área geopolítica e de defesa.

Durante o último ano, as relações entre Moscou e Washington enfrentaram novos desafios e dificuldades, especialmente depois a chegada de Trump. A Turquia e EUA também passam por tensões apesar da aliança entre os países no âmbito da OTAN e de sua cooperação militar. Isso fez com que Ancara mudasse sua orientação para Teerã e Moscou em assuntos estratégicos. A política agressiva do atual presidente norte-americano em relação ao Irã também contribuiu para a criação desta aliança trilateral.

"Os EUA e seus aliados farão tudo o que for possível para minar o processo de integração entre o Irã, Rússia e Turquia. Pode ser que, se as relações entre Washington e Ancara melhorarem, o interesse da Turquia na cooperação com Irã e Rússia possa diminuir, mas hoje em dia este modelo funciona e sua direção principal é a resolução da crise síria", explicou o analista iraniano.

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Farzad Ramazani Bonesh também apontou ao fato de os EUA apoiarem as Forças Democráticas da Síria, o que irrita muito Ancara e faz ela se unir com outros países que, ao contrário dos EUA, levam em consideração os interesses da Turquia na Síria.

A Sputnik Turquia, por sua vez, falou com Bartu Soral, economista turco e ex-chefe do programa de desenvolvimento da ONU, que assegurou que a aliança trilateral com a Rússia e Irã corresponde completamente aos interesses da Turquia.

"Israel e EUA querem talhar o mapa da região dividindo-a em partes, criando aqui um estado curdo que se tornaria um segundo Israel controlado pelos EUA", acrescentou Bartu Soral.

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Ele expressou a esperança de que a Turquia tratará com toda a seriedade o assunto da preservação da integridade das fronteiras dentro da região. Falando da participação da Turquia na aliança com a Rússia e Irã, o especialista sublinhou o fato de que Ancara não joga em duas frentes.

"A Turquia ainda não tem uma posição inequívoca quanto aos EUA e Israel. Mas podemos pressupor que, quando Ancara perceber completamente que o plano curdo de Israel e EUA pode afetar a segurança e integridade do país, sua posição se tornará mais dura", concluiu o especialista turco.

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