Recentemente, a mídia turca declarou que Ancara havia transferido 80 veículos blindados para a província de Hatay, que fica na fronteira da Turquia com a Síria. Para levar a cabo a operação militar, as autoridades turcas também mobilizaram 25.000 soldados, informou o jornal governamental Yeni Safak.
A informação sobre a preparação de uma nova operação militar na área por parte da Turquia começou a aparecer em março de 2017, após a implementação da campanha batizada como Escudo do Eufrates.
Na altura, as ações da Turquia foram condenadas por Damasco, enquanto Moscou expressou sua preocupação pela situação na fronteira entre ambos os países.
Agora, a entrada das tropas turcas em Idlib tem vantagens para Ancara por várias razões, considera o professor da Escola Superior de Economia Grigory Lukyanov.
"Com esta intervenção, o Governo da Turquia pode matar não apenas dois pássaros com um tiro, mas três. Ancara pode garantir a sua presença militar na Síria, acordada com a Rússia e o Irã, será capaz de consolidar sua reputação dentro da Turquia e na arena internacional e, por fim, conseguirá recuperar sua imagem depois de seus polêmicos resultados durante a operação Escudo do Eufrates", explicou o especialista ao RT.
Idlib, um lugar perigoso
Vários especialistas destacam que uma operação militar em Idlib é necessária, porque esta província praticamente se tornou um ninho de terroristas. Durante o verão de 2017, o grupo terrorista Hayat Tahrir al-Sham conquistou a maior parte da província.
"Segundo as informações disponíveis, os serviços especiais dos EUA encorajaram essa ofensiva para deter o avanço das tropas governamentais para o leste da cidade síria de Deir ez-Zor", afirmou Sergei Rudskoi, chefe do principal posto de comando operacional do Estado-Maior da Rússia.
Por sua parte, Grigory Lukyanov considera que uma possível entrada das tropas turcas em Idlib terá resultados positivos. De acordo com o especialista, a maioria dos grupos opositores está pronta para cooperar com os turcos porque não está satisfeita com o domínio de Hayat Tahrir al-Sham na área.
Além disso, a participação da Turquia na luta contra os terroristas permitirá que os sírios continuem de forma muito ativa sua operação em Deir ez-Zor.
O problema curdo
Durante as negociações realizadas em 16 de setembro, em Astana, os representantes da Rússia, Turquia e Irã concordaram em marcar as fronteiras de quatro áreas de distensão na Síria.
"A participação da Turquia na criação da quarta zona de distensão ajudará suas tropas a se integrarem no território e a criar os mecanismos necessários para resolver o problema relacionado com os curdos", afirmou ao RT Andrei Koshkin, especialista militar da Universidade de Economia Plekhanov de Moscou.
Caso as forças da Turquia consigam tomar o controle sobre o norte de Idlib, Afrin será bloqueada desde o norte e o oeste, onde está a fronteira da Síria com o a Turquia, do sul, onde as tropas turcas levam a cabo a operação Escudo do Eufrates e do leste, onde se encontra um contingente de forças turcas.
"Os soldados da Turquia que participam na implementação dos acordos relacionados com a criação das zonas de distensão estão prontos para empreender importantes ofensivas contra os curdos. Caso o façam, outro conflito surgirá nesta terra infeliz", disse Koshkin.
A 'sombra' do Curdistão iraquiano
Andrei Koshkin considera que, com suas ações, a Turquia quer demonstrar sua força para os curdos. "É uma espécie de aviso com que Ancara quer devolver uma abordagem adequada aos curdos do Curdistão iraquiano", afirmou o especialista.