Vasily Kashin, analista militar russo, comentou à Sputnik China as peculiaridades da base e as tarefas que se colocam aos militares chineses.
Segundo os dados publicados, a estrutura em Djibuti foi construída em forma de fortaleza, protegida por um muro maciço de concreto, com torres de vigilância e um portão fortificado. Em frente e ao longo de todo o perímetro do muro, foram erigidas duas barreiras de concreto. O muro é equipado com uma galeria, à semelhança das fortalezas da época medieval, o que permite aos soldados disparar a partir da sua parte superior.
Os preparativos para um cenário desfavorável não se limitam à construção de muros resistentes. A plataforma de helicópteros no centro da base é maior que o habitual, o seu comprimento é de 400 metros. Isto foi feito de propósito para que possa aceitar as cargas de paraquedas dos aviões de transporte. De tal modo, a base pode ser abastecida do ar se ficar cercada no terreno e o aeroporto em Djibuti ficar inacessível.
Quase toda a infraestrutura necessária para a vida do pessoal na base e a assistência aos navios que a visitem fica dentro do perímetro fortificado. Inclui um amarradouro capaz de receber simultaneamente 2-3 grandes navios de guerra (destroieres e fragatas), armazéns de combustível, de cargas secas, alojamentos, posto de comando, hangares para equipamentos, salas para reuniões e outros eventos. A base também tem construções subterrâneas.
Supõe-se que o aquartelamento de grupos das forças especiais com helicópteros pesados Z-8F na base permite realizar, caso seja necessário, operações especiais (por exemplo, salvamento de navios capturados por piratas) à distância de várias centenas de quilómetros, bem como a evacuação de doentes e feridos dos navios chineses que navegam na região do Corno de África.
De fato, o projeto chinês permite obter vantagens máximas de um território mínimo (cerca de 36 hectares), alugado pela China. O funcionamento da base assegura a segurança máxima da estrutura. O pessoal só pode sair dos limites da base em dois casos – para realizar exercícios no polígono (similares aos que tiveram lugar há pouco) e para viajar ao aeroporto.
A ausência do seu próprio aeródromo é o único defeito da base chinesa. Os EUA têm o seu próprio aeródromo em Djibuti, que é usado, em particular, para posicionamento de drones militares. Contudo, o número do pessoal da base norte-americana é muito maior: 4500 homens.
Ao mesmo tempo, a China planeja investir mais na construção do segundo aeroporto internacional em Djibuti e, se for necessário, usar a infraestrutura local nos interesses da sua aviação. Então, a presença militar da China nesta região estratégica foi preparada minuciosamente e se reveste de um caráter de longo prazo. A China demonstrou grandes capacidades de construção de estruturas militares tecnicamente complexas no estrangeiro em prazos muito curtos.