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Vai virar faroeste? Armas de fogo ficarão mais baratas para policiais de folga no Rio

© Foto / Fernando Frazão / Agência BrasilPolicial militar ao lado de uma mensagem de paz na comunidade da Rocinha, no Rio de Janeiro
Policial militar ao lado de uma mensagem de paz na comunidade da Rocinha, no Rio de Janeiro - Sputnik Brasil
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Com 40 votos favoráveis e 11 abstenções, Deputados do Rio aprovaram na Assembleia Legislativa do Estado a proposta que isenta de impostos a compra de armas de fogo por policiais militares e civis.

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O projeto é de autoria é dos deputados Rosenverg Reis e Edson Albertassi, ambos do PMDB, Martha Rocha e Zaqueu Teixeira, do PDT, Wagner Montes (PRB) e Dr. Gotardo (PSL).

Uma alteração no texto original estendeu ainda o benefício para bombeiros militares e inspetores de segurança e administração penitenciária. Com isso, cada agente, ativo ou inativo, vai ter o direito a comprar com a isenção uma única arma a cada cinco anos, salvo nos casos de roubos e extravios devidamente registrados.

O projeto segue agora para o governador Luiz Fernando Pezão, que tem 15 dias úteis para sancionar ou vetar essa nova lei.

Na votação da ALERJ, a ex-chefe da Polícia Civil, que é uma das autoras da proposta, a deputada Martha Rocha, explicou que uma arma de fogo que custa R$ 2.600 em São Paulo chega a custar R$ 6 mil no Rio. E que diante do crescimento do número de policiais mortos no Rio, até o dia 18 de setembro já foram 103 mortos, a aprovação era necessária. A deputada argumentou que, "o policial é policial 24 horas por dia" e deve poder exercer sua função mesmo fora do plantão, "até porque se ele não intervém em um crime, mesmo fora de serviço, ele responderá à sua corporação por isso".

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O antropólogo, ex-chefe do Estado-Maior da PM do Rio, e pesquisador do Laboratório de Análise da violência da UERJ, Coronel Robson Rodrigues, falou com exclusividade para a Sputnik Brasil sobre o tema. 

"Por um lado [a aprovação] atende aos anseios dos policiais, mas dizer que isso vai ser uma solução para o problema da vitimização policial é muito longe da verdade. Os números e as evidências mostram que a fragilização das políticas de segurança tem aumentado o número de vítimas entre os policiais", disse o interlocutor da agência.

"Nós somos mais vitimizados em locais onde a população também de uma certa forma está sendo mais vitimizada. O policial acaba sendo mais vitimizado pela condição de policial, quando é reconhecido. Ao tentar reagir a um assalto, por exemplo, ele acaba potencializando mais esses números de vítimas entre policiais", alertou o especialista.

"Eu acredito que políticas eficientes e bem alocadas nesses locais, onde os policiais estão transitando nos seus momentos de folga, sejam muito mais eficazes para a proteção da vida dos policiais, do que uma arma de fogo", explicou Rodrigues. O coronel argumentou que a maioria das mortes entre os policiais ocorrem em horários de folga, e não durante o serviço.

O antropólogo também chamou a atenção para o fato do Rio de Janeiro ter uma proporção muito alta de mortes com armas de fogo de pequeno porte. Ele apontou que essa violência é mais comum no dia a dia, do que nos confrontos policiais com criminosos.

"Em torno de 70% dos homicídios [no Rio de Janeiro], em média, são realizados com armas de fogo. Esses 70% correspondem, na maioria, às armas de pequeno porte, não por fuzis. Apesar dos fuzis terem um impacto muito maior na percepção dessa violência [na cidade], a maior violência é gerada por armas de pequeno porte — pistolas e revolveres", disse o policial.

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Para ele, seria importante limitar o acesso às armas em geral, bem como implementar mecanismos de controle eficientes, para garantir a aplicação da lei. Até porque o lobby da indústria de armas nacional no país não é pequeno. 

"Existe um lobby fortíssimo para resistir a qualquer tipo de regulação [de armas]. Uma legislação restritiva vai afetar [a indústria de armas] imediatamente. Ou seja, é necessário algo mais bem planejado no sentido de uma política pública, e não somente uma política legislativa", concluiu o Coronel Robson Rodrigues.

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