Sayyed Hassan Nasrallah advertiu contra a divisão do Iraque na sequência do referendo da independência curda desta semana, argumentando que a sua independência do Iraque desencadeará uma reação em cadeia e levará a mais guerras sem fim na região.
"Ele abrirá a porta para divisão, divisão e divisão", ressaltou Nasrallah, segundo a Agência Reuters. Ele acrescentou que "divisão significa levar a região para guerras internas cujo fim e o período de tempo são conhecidos apenas para Deus".
Na segunda-feira, a região do Curdistão iraquiano realizou um referendo não vinculativo, no qual foram emitidos 3,45 milhões de cédulas. Mais de 92% dos que votaram optaram pela independência, segundo as autoridades locais.
O Parlamento iraquiano condenou a votação e impôs uma série de restrições comerciais e econômicas à região. A vizinha Turquia, o Irã e a Síria também se opõem à criação de um Curdistão independente, principalmente por preocupações de que possa estimular o sentimento separatista em suas próprias áreas populacionais curdas.
Na região, apenas Israel endossou o referendo e apoia o estabelecimento de um Estado curdo.
No sábado, o chefe do Hezbollah alertou que a independência dos curdos é uma ameaça para toda a região. Nasrallah chamou o referendo de 25 de setembro de uma parte da trama norte-americana para esculpir a região, uma política que, segundo Nasrallah, é conduzida por empresas de armas.
"Dizemos aos nossos amados curdos que a questão não é decidir o seu destino, mas dividir a região de acordo com o pertencimento sectário e étnico", observou o líder do Hezbollah, de acordo com o site Almanar.
"Após o fracasso do projeto Daesh, agora está de volta o projeto de dividir a região, primeiro da área do Iraque curdo", acrescentou, de acordo com o Jerusalem Post.
Mais divisões
O líder da organização militante, designado como grupo terrorista por Israel e os EUA, acredita que a ameaça de dividir a região aumenta com a iminente derrota do Daesh.
"Daesh está no seu fim. É uma questão de tempo no Iraque e na Síria", disse Nasrallah, cujas forças do Hezbollah estão lutando ativamente contra o Daesh na Síria. "O Daesh é incapaz de recuperar o território. O grupo está tentando esgotar o exército sírio para atrasar seu fim. No entanto, este plano é ineficaz porque a decisão de erradicar o Daesh foi tomada".
Ao mesmo tempo, ele convidou todas as pessoas da região a enfrentar todos os esforços para semear as sementes da divisão.
"As pessoas desta região assumem a responsabilidade de confrontar este esquema da divisão", observou Nasrallah. "Não deve haver uma tendência étnica entre árabes, curdos ou iranianos, o problema não é com os curdos, é político".
A maioria das potências mundiais criticou o referendo de segunda-feira. Moscou disse que respeita o desejo dos curdos de ter um estado nacional, mas sublinhou que a autonomia só deveria ser perseguida através de um diálogo pacífico e dentro de um Estado iraquiano unificado.
Washington, que dependeu de forças curdas lutando contra o Daesh e outros grupos terroristas tanto no Iraque quanto na Síria, pediu ao Iraque para manter sua integridade territorial.
"Os Estados Unidos não reconhecem o referendo unilateral do governo regional do Curdistão realizado na segunda-feira. O voto e os resultados carecem de legitimidade e continuamos a apoiar um Iraque unido, federal, democrático e próspero", afirmou o secretário de Estado dos EUA, Rex Tillerson, na sexta-feira.