Especialista explica o que significa o surgimento do caça J-20 para a China

© AP Photo / Li Gang / XinhuaCaça furtivo J-20 voa durante a Exposição Internacional de Aviação e Aeroespacial da China (foto de arquivo)
Caça furtivo J-20 voa durante a Exposição Internacional de Aviação e Aeroespacial da China (foto de arquivo) - Sputnik Brasil
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Na véspera das comemorações do 68º aniversário da criação da República Popular da China, Pequim anunciou sobre um novo avanço na modernização das suas forças armadas. O novo caça furtivo J-20 foi oficialmente adotado para serviço militar, informou o representante do Ministério de Defesa da China, Wu Qian, durante uma coletiva de imprensa.

Os voos de teste estão sendo realizados conforme aos planos, frisou este. O especialista militar Vasily Kashin comentou para a Sputnik China a adoção do novo caça ao serviço do exército chinês.

"China virou a segunda nação, depois dos EUA, que passou a utilizar em seu exército um caça da quinta geração de sua própria produção. É um avanço significante, contudo, suas consequências reais para Força Aérea do Exército de Libertação Popular vão depender de um conjunto de fatores que não conhecemos muito bem."

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Entre esses fatores o especialista nomeou questões relacionadas com a capacidade da indústria chinesa de manter os altos ritmos de produção desses caças por um preço acessível, recordando que os altos custos de produção levaram ao fim antecipado do programa de fabricação do primeiro caça da quinta geração no mundo, o caça norte-americano F-22.

Além disso, Kashin falou sobre a questão dos pontos fracos do avião chinês que não foram revelados durante os testes.

"Não podemos descartar que a China tenha tentado acelerar a entrada em serviço do avião perseguindo motivos de prestígio, e seu acabamento será realizado após o avião ser adotado ao serviço", sublinhou o analista, destacando que casos parecidos já tiveram lugar na história da Força Aérea chinesa quando, em 1997, a primeira série de bombardeiros JH-7 foi adotada ao serviço, mas depois a fabricação do avião foi suspensa e renovada apenas em 2004, com o surgimento de uma versão mais moderna, o JH-7A.

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Enquanto isso, Vasily Kashin acredita que a evolução da situação não será tão negativa, porém, ele destaca que a integração dessa máquina complexa na Força Aérea da China pode ter suas dificuldades. Como exemplo, o analista fala sobre o caso dos EUA. O país norte-americano iniciou as compras de caças F-22 para sua Força Aérea em 1999, contudo, a preparação para combate desse avião foi terminada apenas em 2007, e seu uso militar aconteceu apenas em 2014 na Síria contra instalações do Daesh (organização terrorista proibida na Rússia e em vários outros países). O desenvolvimento do segundo avião da quinta geração, o F-35, também foi complicado. A Força Aérea dos EUA recebeu a primeira série de F-35A em 2011, mas apenas em 2016 foi anunciada a sua preparação inicial para combate.

O analista frisa também que muitas capacidades dos caças da quinta geração, e que levam ao enorme aumento de seus custos, podem virar redundantes em guerras do futuro.

"A China aloca muitos recursos às tecnologias de combate a veículos aéreos furtivos, o que outros países também o fazem, por isso muitas tecnologias para criação de aparelhos stealth podem no futuro perder seu valor."

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Vasily Kashin aponta que no futuro a força aérea será aplicada com muita frequência contra formações irregulares, subversivas. Na luta contra tal tipo de inimigo não é preciso possuir velocidade supersônica de cruzeiro e pouca visibilidade […] Porém, será importante que o avião seja capaz de manter altos ritmos de realização de missões de combate, realizando vários voos diariamente, sem falhas e gastos enormes de tempo das equipes técnicas terrestres. Neste sentido, os caças da quinta geração podem perder para as máquinas mais antigas.

Concluindo, o analista ressaltou que, provavelmente, a China irá usar caças pesados da quarta geração (tais como J-11B e J-11D) para assegurar a defesa antiaérea do país e em ações em terrenos em que as capacidades de um avião da quinta geração serão excessivas.

"Porém, na fase inicial os chineses, aparentemente, farão experimentos com seu J-20, elaborando sua própria tática de aplicação de aviões furtivos e, ao mesmo tempo, criando novos métodos de combate contra aviões furtivos do inimigo", ressaltou Kashin.

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