Segundo ATF, mais 3,5 milhões de armas, em sua maioria revólveres, foram exportados entre 2012 e 2016 para os EUA, o que representa 15% de todas as importações de armas do páis no período. Desse modo, o Brasil só perde para a Áustria nesse mercado.
Para Pedro Paulo Rezende, especialista em assuntos militares, que conversou sobre o assunto com a Sputnik, a notícia não é uma novidade.
"Isso não acontece só nos últimos cinco anos. É algo antigo. A Taurus possui, inclusive, uma fábrica nos Estados Unidos", disse o especialista.
"Em sua maioria são armas de defesa, ou seja, revólveres e pistolas. Uma boa parte desse fornecimento é feito para unidades policiais, que nos Estados Unidos são municipais. A gente entra no segmento de baixo custo de uma forma muito agressiva", explicou Rezende.
O interlocutor da Sputnik Brasil também revelou que o Brasil é um grande consumidor de armas norte-americanas.
De todo modo, as empresas brasileiras lucram muito. Segundo o ranking elaborado pelo Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) do Brasil, as empresas fabricantes como a Forjas Taurus e a Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC) estão entre as 300 maiores empresas exportadoras do país em 2016. Cada uma delas movimentou mais de US$ 100 milhões no ano passado.
Pedro Paulo Rezende reconheceu o valor das empresas, lamentou o forte lobby que fazem no congresso nacional para impedir pautas de controle de armamento no país.
"São duas empresas que investem muito na tentativa de abrir o mercado brasileiro, de acabar com o estauto do desarmamento. Elas tem uma bancada forte dentro do congresso. A famosa bancada da bala. Essa bancada segura há mais de um ano um acordo internacional de controle de armas leves", afirmou Rezende.
O reflexo disso seria negativo, segundo ele, pois as estatísitcas mostram que 75% das mortes por arma de fogo acontecem por motivos fúteis e afetam a parcela mais jovem da população.
"A maior parte das vítimas das armas de fogo [no Brasil] são negras, entre 15 e 20 anos de idade, e que estão fora da escola", alertou o interlocutor da agência, que acredita na necessidade de defender o estatuto de desarmamento.