"O que se revelou na reunião entre os líderes é a continuação da política do comandante Hugo Chávez, quando nos convidou a ver a Rússia e os países do BRIC como um aliado próximo. É uma postura que a Maduro coube viver como chanceler e continuar como presidente", disse à Sputnik Mundo o jornalista Jordán Rodríguez.
Por sua parte, o analista internacional Basem Tajeldine comentou que os vínculos entre ambas as nações abrangem espaços "para além da área militar, onde o Estado russo é muito forte".
Ambos os entrevistados destacaram que, tal como Venezuela, a Rússia enfrenta sanções por parte do governo dos Estados Unidos, questão que, em última instância, "facilita" uma aproximação entre Caracas e Moscou, que compartilham uma visão sobre a política internacional.
"Os governos de Caracas e Moscou entendem que a guerra dos mercados do petróleo faz parte de uma situação induzida que se destina a afetar a situação destas nações que dependem da renda petroleira. Maduro e Putin interpretaram muito bem este conflito e, por isso, trataram de temas como a regionalização dos preços do petróleo", disse Tajeldine.
Para o jornalista Jordán Rodríguez, esta reunião foi crucial, pois decorre em um contexto em que o seu país foi agredido pelo governo de Donald Trump, e uma aproximação de Caracas a Putin significa não apenas uma mensagem a Washington, mas uma possibilidade concreta de expandir suas fronteiras.
Rodríguez destacou que 95% da economia do país depende das rendas do petróleo. Trump disse que aqueles países que compram petróleo à Venezuela devem responder aos EUA. "Isto é pior do que foi imposto a Cuba nos últimos 60 anos", comentou o jornalista.
O jornalista colocou em questão a "tradicional convicção" que o país norte-americano é o principal parceiro petroleiro da Venezuela, já que até agora era apontado como o principal comprador, mas "se se examinarem as contas, não é um bom pagador". "Os EUA mantêm enormes dívidas para com o meu país", acrescentou Jordán Rodríguez.
Por sua parte, Tajeldine indicou que "há uma grande empatia entre Maduro e Putin", e destacou que a nação eslava é uma "grande potência militar e econômica com que a Venezuela conseguiu "tecer importantes laços de amizade".
"Para a Venezuela ter um aliado como a Rússia é muito importante, não só pelo seu grande músculo militar e influência, mas também porque enfrenta um mesmo inimigo: os EUA. Moscou apoiou Caracas denunciando a agressividade do país norte-americano em seu interesse de derrubar o governo venezuelano", destacou Tajeldine.
O desenvolvimento das relações russo-venezuelanas começou no início do século XXI, quando Putin se reuniu com vários líderes latino-americanos, entre eles o presidente Hugo Chávez, que fez sua primeira visita a este país em maio de 2001, e na qual foram assinados vários acordos de cooperação bilateral e uma declaração conjunta para o aprofundamento da confiança política e o diálogo na solução dos problemas internacionais e regionais.