Tratado com EUA acaba sendo para Colômbia 'um péssimo negócio'

© REUTERS / Kevin LamarqueO presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, entrega ao ex-líder norte-americano, Barack Obama, uma cópia do Acordo Final de Paz entre o governo colombiano e o grupo rebelde Farc, 21 de setembro de 2016
O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, entrega ao ex-líder norte-americano, Barack Obama, uma cópia do Acordo Final de Paz entre o governo colombiano e o grupo rebelde Farc, 21 de setembro de 2016 - Sputnik Brasil
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Após cinco anos de sua entrada em vigor, o Tratado de Livre Comércio entre os EUA e Colômbia está longe de dar resultados para o país latino-americano. Segundo o cientista Mario Valencia, as principais consequências do acordo para a economia colombiana são déficit no intercâmbio, sérios impactos ambientais e informalidade trabalhista.

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Em 2012, o então presidente dos EUA, Barack Obama, e seu homólogo colombiano, Juan Manuel Santos, anunciaram a concretização do Tratado de Livre Comércio (TLC) entre os dois países após um longo caminho de negociações de mais de seis anos.

Santos veio a defini-lo como "o mais importante" acordo na história do país e qualificou a firmação do documento como um "dia histórico para os trabalhadores colombianos". No entanto, passados cinco anos após a entrada em vigor do tratado, os fatos demonstram todo o contrário, comentou à Sputnik Mundo Mario Valencia, diretor do Centro de Estudos do Trabalho.

"Foi um péssimo negócio para a Colômbia. Entre outras coisas porque qualquer decisão que tome o Estado colombiano para favorecer, proteger ou estimular a produção local é considerada no tratado como um obstáculo injustificado para o comércio que pode ser demandado em tribunais arbitrais onde o país não tem a possibilidade de ganhar", notou o economista.

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Basta ver os números: Colômbia perdeu 9,6 bilhões de dólares nos últimos cinco anos. O superávit comercial de 8,2 bilhões de dólares que teve em 2012 se transformou em um déficit de 1,4 bilhões de dólares em 2016. Além disso, as exportações caíram 54,1% neste período.

Para alcançar mais apoio ao tratado no país, o governo colombiano prometeu, entre outras coisas, que mais setores conseguiriam enviar sua produção aos EUA. Porém, diz o especialista, esta não foi cumprida, pois nestes cinco anos conseguiram colocar apenas 38 produtos novos que "não servem para nada ao desenvolvimento do país".

Valencia afirma que o tratado foi friamente calculado "para que beneficiasse exclusivamente os negócios dos EUA e não os da Colômbia".

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O mercado de trabalho também não tem obtido os frutos previstos em 2012: no momento, 80% da mão de obra da Colômbia tem uma formação básica, ou até menos, enquanto 70% ganham menos de 1,5 salários mínimos, um indicador "insuficiente para satisfazer as necessidades básicas".

Metade dos trabalhadores do país estão condenados à informalidade. Tudo isto combinado, segundo Valencia, provoca "um círculo vicioso" que afeta os mais fracos.

"Um mercado do trabalho de pouca capacitação, baixa remuneração e má qualidade de emprego faz com que não haja um forte mercado interno nem uma dinâmica de consumo que possa beneficiar a produção nacional", afirmou o analista.

A situação atual fez com que "um grupo de cidadãos, empresas, trabalhadores e movimentos sociais colombianos" se unissem para insistir em renegociar o tratado. Mas a administração do presidente atual não "tem vontade política" para fazê-lo.

Resumindo, Valencia afirma que para aumentar seus níveis de desenvolvimento econômico a Colômbia deve renegociar o tratado com os EUA, encontrando para este fim profissionais que defendam os interesses nacionais e não os dos EUA.

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