Os delegados, particularmente, aprovaram por unanimidade a emenda que menciona "a ideia de Xi sobre o socialismo com as caraterísticas chinesas para uma nova era".
Deste modo, Xi Jinping se converteu no segundo líder chinês — após o primeiro presidente, Mao Tsé-Tung, cujo nome foi incluído na carta desta força política antes do término de seu mandato.
Algumas mídias asseguram que estes acontecimentos são inclusive "equivalentes a um golpe de Estado incruento", depois do qual o atual líder do país ficou oficialmente "intocável".
"Este é um passo simbólico e importante para fortalecer a posição de Xi dentro do partido", disse à Sputnik Aleksandr Gabuev, chefe do programa Rússia na Ásia-Pacífico do Centro Carnegie em Moscou. De acordo com ele, trata-se da etapa da transformação de Xi em um líder tão poderoso como Mao Tsé-Tung.
Luta contra corrupção e nova Rota da Seda
Nas cláusulas da Carta também se registraram as iniciativas de Xi sobre a luta contra a corrupção. De acordo com o presidente do país asiático, "o partido deve aplicar com firmeza o autocontrole e seguir de perto suas atividades em todos os aspectos".
A iniciativa global "Um Cinturão e uma Rota" para a criação de três corredores econômicos também foi incluída na Carta. O documento também consolidou a postura de Xi que defende um "controle absoluto" do Partido Comunista das Forças Armadas do país.
'Caminho ao culto da personalidade'
Elizabeth Economy, diretora de Estudos Asiáticos do Conselho de Relações Exteriores, com sede em Nova York, explicou à agência Bloomberg que a consolidação da ideologia de Xi Jinping no documento significa que agora o político passa a ser percebido como um dos principais transformadores do país, junto com Mao e Deng. Trata-se da "consolidação do poder em torno de Xi", algo que lhe permitirá influenciar nas políticas da China durante décadas.
"Consolidou seu poder já antes do XIX Congresso. Tomou em suas mãos praticamente todos os âmbitos da política. Por isso se pode dizer que está se dirigindo até o culto de personalidade. Mas, na verdade, não foi introduzido nada ideológico", assinalou o vice-reitor da Academia Diplomática de Assuntos Exteriores da Rússia, Aleksandr Lukin.
De acordo com a Constituição chinesa, o chefe de Estado pode assumir o cargo durante dois mandatos consecutivos, ou seja, por 10 anos, mas Lukin acredita que até agora tudo indica que Xi poderia permanecer no poder durante mais tempo.