O Rio de Janeiro convive com esses números justamente no momento em que a Embratur procura intensificar a publicidade do Brasil no exterior, com o objetivo de captar um número crescente de turistas externos. Além disso, o Brasil figurou entre os finalistas do World Travel Awards (prêmio conhecido como Oscar do Turismo), concorrendo com seis outros países: Grécia, Índia, Indonésia, Jamaica, Quênia e Malásia.
Em entrevista exclusiva à Sputnik Brasil, Fábio Bentes comentou as dificuldades do Brasil em captar turistas no exterior, diante de um cenário interno tão negativo e problemático:
"É um desafio e tanto captar turistas externos num momento em que tanto se fala de criminalidade e corrupção no Brasil e em que se dá grande destaque à violência no Rio de Janeiro. Sem dúvida, o Brasil possui um potencial turístico enorme mas das grandes economias mundiais é talvez o que tenha esse potencial menos explorado. O Brasil realizou eventos importantes nos últimos anos como Jornada Mundial da Juventude em 2013, Copa do Mundo em 2014, e Olimpíadas e Paraolimpíadas do Rio em 2016. Estes eventos colocaram foco no Brasil (e especialmente no Rio de Janeiro) nos últimos anos. Numa situação de normalidade, isso acabaria por resultar num legado positivo para a cidade, para o país e para o setor de turismo. O grande problema porém é que existe a antipropaganda que, de certa maneira, contrabalança esta percepção positiva que o Brasil tinha, até bem pouco tempo, no exterior."
Bentes explicou os critérios que a Confederação Nacional do Comércio utilizou para lidar com a crise e as perdas econômicas:
"O que a gente fez aqui na Confederação Nacional do Comércio, com esse levantamento, foi tentar separar o que é crise econômica generalizada no país do que é resultado da violência. A gente pode dizer, de forma reduzida, que dos quase 2 bilhões e 300 milhões de reais que o Rio de Janeiro perdeu nos primeiros oito meses de 2017, 70% se devem à crise econômica e 30%, ao aumento da violência."
Fábio Bentes lembrou que o turista, ao chegar ao Brasil, está exposto a um alto grau de vulnerabilidade e por isso necessita de máxima atenção por parte das autoridades:
O economista especificou o montante destas perdas em valores financeiros. Segundo ele, R$ 332,1 milhões representaram as perdas do segmento de bares e restaurantes, R$ 215,5 milhões são perdas dos segmentos de transportes, locadoras de veículos e agências de viagens, R$ 97,7 milhões são do segmento de hotéis, pousadas e similares, enquanto R$ 14,7 milhões representam as perdas dos setores voltados para atividades culturais e lazer.
"Se raciocinarmos com um espectro mais amplo – além da violência, as denúncias de corrupção e outras deficiências – as perdas econômicas no Rio de Janeiro, somente nos oito primeiros meses de 2017 aproximam-se de 2 bilhões e 300 milhões de reais."