Um lugar paradisíaco se transformou em segundos em um inferno artificial. Tudo começou com um relâmpago fortíssimo. A onda de choque, que veio em seguida, varreu com muita facilidade árvores e construções. A água do mar ficou fervendo, a areia começou derretendo e a terra estava em chamas. Por cima surgiu uma enorme nuvem em forma de cogumelo, cuja altura era quatro vezes a do Everest. A potência da explosão foi de 10,4 megatons, o equivalente a quase 700 bombas atômicas lançadas sobre a cidade japonesa de Hiroshima. Talvez o único "golpe" mais forte que abalou a Terra antes deste tenha sido o asteroide que atingiu a superfície do nosso planeta há 65 milhões de anos e marcou o início da era do gelo. Apesar disso, posteriormente a humanidade já "brincou" muitas vezes com armas ainda mais potentes.
Este artigo descreve os testes mais destruidores de bombas termonucleares realizados pelas superpotências.
Bomba-casa
É difícil qualificar Ivy Mike como uma verdadeira bomba. Era enorme, de dimensão equivalente a uma casa de dois andares e pesava 82 toneladas.
A potência calculada da bomba devia ser de quarto até oito megatons. Contudo, sua explosão superou todas as expetativas. A potência dela era equivalente a 15 milhões de toneladas de TNT. Observadores da explosão, que se encontravam em um búnquer, descreveram o efeito da explosão como um terremoto forte que fez seu abrigo tremer de forma fortíssima. A nuvem de cogumelo era muito mais alta que a do Ivy Mike, com 60 quilômetros de altura, 100 quilômetros de diâmetro do "chapéu" e 7 quilômetros do "tronco". A explosão causou destruições muito maiores e mudou para sempre os contornos do atol de Bikini.
A contaminação radioativa da área foi extremamente grave. De acordo com a mídia norte-americana, Castle Bravo se tornou a explosão mais "suja" de entre todos os testes nucleares dos EUA. Uma área com mais de 550 quilômetros de comprimento e 100 de largura ficou contaminada. O vento espalhou rapidamente precipitação radioativa: sete horas após a explosão, o aumento de radiação de fundo foi registrado a 240 quilômetros de distância do epicentro. A nuvem de precipitação nuclear cobriu o barco de pesca japonês Daigo Fukuryu Maru a 170 quilômetros de Bikini. No resultado, toda a tripulação recebeu uma alta dose de radiação e todos ficaram inválidos. O operador de rádio do barco faleceu seis meses depois. Este incidente provocou uma vaga de manifestações antinucleares no Japão e no resto do mundo.
Resposta da União Soviética
O sinal para detonação foi soado às 7h30. Cientistas russos, que estavam observando os testes, reconheceram que a potência da explosão superou 20 vezes a produção de energia da primeira bomba atômica da URSS. Edifícios de tijolo à distância de 4 quilômetros do epicentro foram completamente destruídos. Uma ponte ferroviária com vãos de 100 toneladas, que estava situada a um quilômetro do local da explosão, foi jogada a 200 metros como uma caixa de papelão.
Os testes soviéticos provocaram um verdadeiro pânico nos EUA. Enquanto eles tinham uma bomba de hidrogênio do mesmo tamanho que um chalé, a União Soviética elaborou uma arma destruidora que até mesmo no dia seguinte poderia ser carregada em um avião e jogada por cima do inimigo. Depois, a potência do artefato foi aumentada. A RDS-37, testada em 22 de novembro de 1955, já detonou com 1,6 megatons. Os cientistas, engenheiros e projetistas soviéticos superaram o limite de um megaton.
A bola de fogo se estendeu por um raio de 4,5 quilômetros. A nuvem de cogumelo cresceu até 70 quilômetros, superando os limites de estratosfera. A onda sísmica que surgiu no resultado da explosão, contornou por três vezes a Terra. A radiação luminosa poderia potencialmente causar queimaduras de terceiro grau a uma distância de até 100 quilômetros.
É interessante que praticamente não foi registrada contaminação radioativa, pois os primeiros participantes do teste apareceram no epicentro depois de apenas duas horas após a explosão.
Os criadores da Tsar Bomba provaram que a potência de uma arma termonuclear é praticamente ilimitada. Mas, felizmente, ainda nenhum país se decidiu a testar algum artefato ainda mais "pesado".