Nesta quarta-feira (15), o Serviço Federal de Cooperação Técnico-Militar anunciou no âmbito da exposição Dubai Airshow 2017 a assinatura de vários grandes contratos. Trata-se não apenas de material bélico comprovado, mas também de sistemas baseados em princípios novos.
Neste artigo, a Sputnik revela as armas que conquistaram os corações de militares estrangeiros sem ainda terem combatido.
Novo e leve
Qualquer outro governo que não conte com enormes reservas de "ouro preto" não conseguiria lidar com tal variedade em seu arsenal de armas, munições e componentes. Contudo, os EAU podem-se permitir experimentar, comparar e escolher. Além disso, de acordo com analistas, ultimamente vários monarcas árabes têm intencionado aperfeiçoar sua própria base tecnológica e científica, tentando obter tecnologias de ponta e estudando exemplares de armas pouco conhecidas.
O programa de elaboração de um caça leve de quinta geração virou um dos projetos mais perspectivos da Rússia com os EAU, o contrato correspondente foi firmado em fevereiro do ano corrente. De acordo com o chefe da empresa estatal de exportações Rostec, Sergei Cheremezov, o caça pode ser criado na base do MiG-29 e MiG-35, seu desenvolvimento pode demorar aproximadamente 7 ou 8 anos.
"Os EAU não poupam dinheiro com a modernização do potencial da sua indústria de defesa. Seu desejo de aprender conosco é lógico. Por um lado, o país obterá acesso a determinadas tecnologias e aperfeiçoarão sua base científica. Por outro lado, para a Rússia isto também trará benefícios. Receberemos investimentos para concluir alguns de nossos próprios projetos. Além do mais, quando o caça estiver pronto, os EAU podem ser o nosso cliente inicial. Sendo assim, outros compradores também manifestarão seu interesse", acredita Andrei Frolov, especialista militar e editor da revista Exportações de Armas.
F-16, dê espaço!
Vale ressaltar que, inicialmente, na Rússia foram estudados programas para criação de dois caças da quinta geração – um leve e um pesado. O primeiro devia servir para cumprir missões perto da linha da frente, apoio a tropas terrestres e luta contra aviões de assalto e bombardeiros do inimigo. O objetivo do aparelho pesado era assegurar a supremacia aérea em todo o teatro de operações. No fim das contas, o Su-57 virou este caça, mas para elaborar um caça leve a indústria de defesa russa na época dos anos 2000 ainda não tinha recursos. Hoje em dia, este projeto ganhou um novo fôlego. Vale destacar que o programa do caça norte-americano F-35 (sendo, de fato, uma versão leve do F-22 pesado) foi financiado por quase uma dezena de países, por isso esta prática não é nova.
Entretanto, no futuro próximo a colaboração técnica e militar ente a Rússia e os EAU não será limitada apenas a veículos perspectivos. No momento, os países estão negociando quanto ao fornecimento de várias dezenas de caças Su-35 da geração 4++ aos EAU. Provavelmente, o contrato será firmado no futuro mais próximo. Assim, os EAU podem virar o segundo maior comprador estrangeiro deste avião. Ele vai defender os céus das monarquias árabes em pé de igualdade com os caças norte-americanos F-16 e Mirage 2000 franceses.
"Primeiro, a diversificação da exportação de armas é uma prática comum que permite evitar a dependência de um só comprador. Segundo, não se pode esquecer que durante os últimos dois anos a situação no Oriente Médio mudou completamente devido às ações da Rússia na Síria", sublinha Frolov.
Uma carteira significativa
A geografia da demanda também se está expandindo quanto aos sistemas russos de defesa antiaérea. Os representantes do Serviço Federal de Cooperação Técnico-Militar comunicaram durante a exibição Dubai Airshow 2017 sobre a assinatura de um acordo com a Arábia Saudita para fornecimento de sistemas S-400. Assim, o reino será o terceiro país, após a China e Turquia, a receber esta arma. Ao mesmo tempo, está em curso o fornecimento de sistemas de defesa antimíssil S-300VM ao Egito.
Tudo o acima mencionado é apenas uma parte dos contratos que foram firmados ultimamente. De acordo com o diretor da empresa estatal russa Rosoboronexport, Aleksandr Mikheev, o valor total da carteira de encomendas com países do Oriente Médio e da África do Norte somou aproximadamente US$ 8 biliões (R$ 26 biliões), sendo uma quinta parte dos contratos de exportação militares que a Rússia firmou com seus parceiros.