"O colapso da União Soviética acabou com qualquer perspectiva de política social. O declínio social da Europa alemã liberal é caracterizado pelo regresso do trabalhador escravo", assinalou Bonnal.
O jornalista recordou as palavras da escritora Rebecca Toledo:
"O fim da União Soviética e da Revolução russa foram seguidos por um aumento do número de agressões imperialistas por todo o mundo. Iraque, Somália, Iugoslávia, Afeganistão, Líbia e Síria. Os EUA invadiram todos estes países depois de se terem livrado do contrapeso que a URSS representava. Este é um sinal indiscutível tanto de sua importância como um contrapeso às guerras imperialistas, como uma inspiração, as bases do socialismo e a emancipação dos povos."
Embora agora a Rússia seja acusada de todos os males totalitários [mas, completamente inventados], há um ponto indiscutível, segundo Todd, em que a Rússia se mostrou como um país muito longe da imagem descrita pela mídia da corrente dominante:
"Ela [a Rússia] destruiu por si mesma o regime totalitário mais forte de todos que existiram na história humana. Sem recorrer à violência, a [Rússia] permitiu que os países do Leste Europeu se tornassem independentes, que foram seguidos pelas repúblicas do Báltico, do Cáucaso e da Ásia Central. Mas não resistiu quando o ‘núcleo russo’ de seu estado se dividiu entre a Bielorrússia e Ucrânia. Aceitou o fato que a presença de grandes minorias de língua russa na maioria destes novos estados não representa um obstáculo à sua independência."
"O universalismo russo não pode senão contribuir positivamente para o equilíbrio do mundo", diz Todd em "Depois do Império", acrescentando que "sem a potência soviética como um símbolo de igualdade, se desataram as tendências de desigualdade nos EUA, em Israel, etc."
A conclusão de Todd é clara, aponta Bonnal: "Se a Rússia não se afogar na anarquia ou autoritarismo, pode se tornar em um fator fundamental para o equilíbrio [mundial]: uma nação forte, mas não hegemônica, que reivindica a igualdade nas relações entre as nações."