"Acreditamos que explosões nucleares, causadas por nêutrons térmicos no fundo de vários canais de combustível, geraram fortes fluxos de combustível nuclear fundido e matéria do próprio reator. Eles romperam as pesadíssimas tampas dos canais, a cobertura do reator e subiram até uma altitude de três quilômetros, onde o vento espalhou suas partículas a levou a outros lugares. A explosão de vapor que rasgou o corpo do reator demorou 2.7 segundos", afirmou Lars-Erik De Geer da Agência para Estudos de Defesa da Suécia.
Vestígios da catástrofe do século
O acidente na usina nuclear de Chernobyl ocorreu na madrugada de 26 de abril de 1986, quando operadores da usina estavam realizando um teste de utilização da energia da turbina do reator parado, com vista ao seu arrefecimento e a manter os sistemas de segurança no caso de perda do suprimento externo de energia.
O começo destes testes fora adiado repetidamente depois de o reator da Unidade 4 ter permanecido desligado, o que, junto com determinadas características de construção do reator, levou ao crescimento da potência, seguida das explosões, destruições e emissão de uma grande quantidade de substâncias radioativas.
De acordo com eles, devido ao aumento súbito da potência do reator, a água no sistema de arrefecimento se evaporou quase imediatamente, a pressão nos tubos aumentou e os destruiu, causando assim a primeira explosão. O vapor começou a interagir com o zircônio de substâncias de combustível, o que por sua vez levou à enorme emissão de hidrogênio e à segunda explosão.
Contudo, de Geer e seus colegas analisaram os dados recolhidos por cientistas europeus e soviéticos logo depois do acidente, e chegaram à conclusão de que o caráter da primeira explosão era completamente diferente.
A atenção dos cientistas suecos foi atraída pelos isótopos da atmosfera, coletados quatro dias após o acidente. Naquela época, pesquisadores soviéticos encontraram no ar dois isótopos radioativos relativamente incomuns: o 133Xe e o 133mXe, que não existem na natureza e se distinguem pelo seu curto período de semidesintegração.
Detetive isótopo
De Geer e seus colegas encontraram as primeiras evidências que provam que a origem deste xênon realmente foi uma explosão nuclear na usina de Chernobyl, analisando as correntes de vento sobre a parte oriental da União Soviética em abril de 1986, e estudando os vestígios da destruição no reator.
Os cientistas determinaram a hora da emissão de isótopos, que coincidiu com a do acidente.
Depois, eles estabeleceram que estes isótopos só poderiam ter atingido os arredores de Cherepovets caso tivessem sido expelidos a uma altitude de dois ou três quilómetros. De acordo com os investigadores, somente uma pequena explosão nuclear o poderia ter provocado.
Existem outras evidências. Três segundos antes do acidente, as estações sísmicas nas cidades próximas da área registraram abalos leves. Além do mais, testemunhas afirmaram terem ouvido um estrondo e terem visto uma erupção azul, seguida de outra explosão, além da ionização do ar antes da destruição da sala do reator. De acordo com de Geer e seus colegas, estas são evidências de plasma.
Segundo os cientistas, esta teoria poderá ser confirmada se forem obtidos dados mais detalhados sobre as mudanças na concentração de isótopos de xênon na atmosfera dos países próximos. Caso as mudanças na concentração de xênon permaneçam, então a sua ideia, segundo de Geer, merecerá existir.