Kim recusa encontro com enviado de Xi e expõe relações abaladas entre Pyongyang e Pequim

© AP Photo / Ng Han Guan, FileFronteira da China com a Coreia do Norte
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O líder norte-coreano Kim Jong-un não aceitou se encontrar com um alto funcionário enviado pelo presidente da China, Xi Jinping, e tal atitude pode representar um abalo expressivo nas relações entre Pyongyang e Pequim, de acordo com analistas ouvidos pela mídia sul-coreana nesta terça-feira.

Alto funcionário do Partido Comunista chinês, Song Tao passou quatro dias na capital norte-coreana, retornando para Pequim na última segunda-feira. Na Coreia do Norte, ele encontrou-se com Choe Ryong-hae, um alto funcionário norte-coreano, e Ri Su-yong, vice-presidente do Comitê Central do Partido dos Trabalhadores norte-coreano, no dia seguinte.

Nos dois encontros, eles trocaram pontos de vista sobre a situação na Península da Coreia e nas relações bilaterais, informou a Agência Central de Notícias da Coreia do Norte (KCNA). Entretanto, a mesma agência não fez qualquer menção a um encontro entre Song e Kim – o último alto funcionário chinês que esteve em Pyongyang foi recebido pelo líder norte-coreano, em 2012.

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"O encontro entre Kim Jong-un e Song Tao, se realizado, poderia ser visto como um barómetro para a relação Coreia do Norte-China e, se não houver sinal de tal interação até o final da viagem, significa que Kim está expressando o seu desconforto sobre a política chinesa da Coreia do Norte", disse Koh Yu-hwan, professor da Universidade Dongguk de Seul, ao jornal sul-coreano Korea Times.

Segundo analistas, a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em recolocar a Coreia do Norte na lista de países que patrocinam o terrorismo no mundo teria ligação direta com a sinalização dada por Kim após a passagem do alto funcionário chinês: a de que Pyongyang não quer voltar à mesa de negociações neste momento.

"É possível que Trump esperasse ver como Kim reagiria ao gesto de Xi [Jinping, presidente da China] para descongelar os laços de Pyongyang-Pequim antes de decidir colocar a Coreia do Norte de volta à lista de patrocinadores estatais do terrorismo", disse um analista sob condição de anonimato ao jornal sul-coreano Korea Herald.

A opinião foi acompanhada por Kim Hyun-wook, professor da Academia Diplomática Nacional da Coreia do Sul. "Trump pode ter julgado que os esforços para levar a Coreia do Norte de volta à mesa de negociações falharam quando Song terminou sua visita à Pyongyang sem se encontrar com Kim", avaliou.

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Pequim enviou Song Tao, que dirige o departamento de assuntos externos do Partido Comunista do governo em Pequim, a Pyongyang na última sexta-feira para "informar a Coreia do Norte sobre o [19º Congresso Nacional do Partido Comunista Chinês]", disse a agência de notícias estatal chinesa Xinhua.

Sua visita ocorre em um momento sensível nas relações bilaterais entre Pyongyang e Pequim, em meio às expectativas da comunidade internacional sobre a China para controlar a Coreia do Norte. A China é considerada a única linha de vida econômica da nação reclusa, representando 90% do comércio exterior.

O Ministério da Unificação de Seul disse na segunda-feira que ainda não encontrou sinais de interação entre Song e o líder norte-coreano Kim Jong-un, observando a falta de relatórios relevantes feitos pelo porta-voz do Norte ou pela mídia chinesa.

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"O enviado especial Song levou consigo uma carta manuscrita do presidente Xi Jinping [para Kim] e ainda não foi relatado ou confirmado [se ela foi entregue], e [o governo sul-coreano] continuará acompanhando de perto o desenvolvimento", disse um porta-voz da Coreia do Sul em uma conferência de imprensa.

Por outro lado, a recusa de Kim em se encontrar com o enviado chinês pode ter outras implicações que vão além do seu desconforto com Pequim, que recentemente manteve tratativas com os EUA. A postura do líder norte-coreano pode ser vista apenas como um movimento de cautela.

"Se Kim decide encontrar-se com Song, ele pode dar a entender que teria vontade de ceder à sua posição atual para com a China, que por sua vez apoia as sanções contra Pyongyang. Song já entregou mensagens aos altos funcionários [norte-coreanos] e ele [Kim] está sendo cauteloso", pontuou Koh.

Contudo, outra mensagem possível é de que a Coreia do Norte possa retomar os seus testes balísticos até o fim deste ano, pondo fim a um hiato que já dura dois meses. Foi o que o Serviço de Inteligência da Coreia do Sul (NIS) indicou que acontecerá, em encontro com parlamentares do país na segunda-feira.

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