Falando no Centro Woodrow Wilson em Washington na terça-feira, Tillerson disse que a Rússia está usando seu arsenal nuclear para "impor sua vontade aos outros pela força". Como exemplos desse comportamento, ele citou as "invasões" da Geórgia em 2008 e da Crimeia em 2014.
"Com o fim da Guerra Fria, a ameaça iminente que todos enfrentaram por esse período de 70 anos agora estaria diminuindo. O que agora percebemos é que não está", disse. "Ainda está sendo definido. [É algo que] ainda está procurando por seu papel em nome da Rússia".
Secretary Tillerson comments on #Russia during his remarks at @TheWilsonCenter. pic.twitter.com/EpMe6nju5c
— Department of State (@StateDept) 28 de novembro de 2017
Tillerson também criticou o Kremlin por ajudar o governo sírio - o que, segundo ele, mostrou "desrespeito por seus próprios cidadãos" - em sua batalha contra o Daesh, Al-Qaeda e outros grupos terroristas.
A Rússia interveio na Síria em 2015 depois que uma guerra apoiada pelos EUA que trouxe o governo sírio à beira do colapso. As forças russas e sírias, juntamente com o grupo xiita libanês Hezbollah, reverteu a tendência e quase derrotou os insurgentes terroristas, incluindo o Daesh.
Apesar de alegar uma agenda russa de domínio global, Tillerson disse que os EUA e a Rússia estão trabalhando juntos para derrotar o Daesh.
"Com relação à Rússia, existem áreas de cooperação mútua. Estamos trabalhando duro na Síria para derrotar [o Daesh] e estamos a ponto de ter [o Daesh] de uma vez por todas derrotado na Síria", comentou.
Enquanto a Rússia ajudou a campanha militar síria, os EUA apoiaram uma milícia separatista liderada por curdos sob a bandeira das Forças Democráticas da Síria (SDF).
Cooperação no Afeganistão
Tillerson disse que a Rússia está ansiosa para cooperar com os EUA em esforços antiterroristas, mas a administração do presidente Donald Trump se recusou a perseguir essas opções.
"Existem muitas áreas de cooperação com a Rússia, e eles têm muitos outros [interesses] com os quais gostariam de trabalhar conosco. Nós simplesmente não pensamos que é hora de fazer isso", ponderou o secretário.
Os EUA podem estar interessados em cooperar com a Rússia no Afeganistão, onde a guerra é mais longa e Washington não atingiu seus objetivos declarados, disse Tillerson.
"Pode haver oportunidades de cooperação no Afeganistão. Ainda não chegamos ao que poderia ser, mas estamos conversando sobre isso", disse ele. O secretário também pediu aos aliados dos EUA na OTAN que "mantenham seu compromisso com o Afeganistão". Depois de criticar a guerra como candidato, em outubro, Trump reiterou que os EUA iriam manter uma presença militar no Afeganistão por um período indeterminado.
Além de solicitar aos membros da OTAN que mantenham uma presença militar em solo afegão, Tillerson convidou os aliados da OTAN a gastar 2% de seu Produto Interno Bruto (PIB) em suas Forças Armadas. Ele elogiou a Albânia, a Croácia, a França, a Hungria e a Romênia pelo compromisso recém-declarado de alcançar o tal percentual.
O surgimento de grupos islâmicos ligados ao Daesh na África Ocidental demonstra que a guerra global contra o terrorismo "continuará a ter origens novas e inesperadas", disse Tillerson. "Devemos agir de modo a que áreas como o Sahel ou o Magrebe não se tornem o próximo caldo de cultivo para Daesh, Al-Qaeda ou outros grupos terroristas".
Os EUA comprometeram-se em "até US$ 60 milhões" em um esforço para ajudar a força conjunta do Sahel G5 a combater o terrorismo na África, revelou Tillerson. As insurgências islâmicas brotaram na região apenas depois que rebeldes apoiados pela OTAN depuseram o governo líbio em 2011.