'Governo argentino está confundindo todos os conflitos'

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Pela primeira vez na história, Argentina assume a presidência do G20, grupo dos países mais poderosos do mundo. Ao mesmo tempo, será realizada uma reunião preparatória em San Carlos de Bariloche que nestes dias é o epicentro do conflito mapuche.

Centenas de agentes de segurança percorrem as ruas da cidade patagônica após expulsão da comunidade mapuche Lof Lafken Winkul Mapu de Villa Mascardi, a 35 quilômetros da cidade, onde foi assassinado Rafael Nahuel de 22 anos, por agentes de Polícia Nacional.

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Perto de lá, no Hotel Llao Llao, mais de 200 vice-ministros de bancos centrais se reuniram com o ministro da Fazenda, Nicolás Dujovne, na primeira atividade preparatória da Cúpula.

Embora as autoridades tenham anunciado que o evento não será suspenso, a questão de segurança passou a ser preocupação central para o governo de Mauricio Macri. Todavia, durante o próximo ano haverá mais de 40 reuniões preparatórias em que participarão cerca de 20.000 funcionários dos países-membros do G20.

A Sputnik Mundo entrou em contato com o especialista em terrorismo, Nicolás Dapena, para saber quais são os principais riscos de segurança da Cúpula e de todos os eventos preparativos. Para Dapena, embora o conflito mapuche tenha atingido níveis preocupantes com o desaparecimento e morte de Santiago Maldonado (que foi encontrado morto em outubro depois de confrontos com a polícia durante os protestos em Patagônia em agosto) e o assassinato de Rafael Nahuel que coincidiu com o velório de Santiago Maldonado, não existe nenhuma possibilidade de alteração do desenvolvimento da Cúpula ou de qualquer outro evento prévio.

Na opinião do analista, é importante não confundir perigos. "Tem que saber diferenciar bem quem é um simples agitador urbano de um grupo terrorista que planeja um atentado com alta eficiência. Na Argentina, estão confundindo todas estas questões. O G20 tem um nível de risco altíssimo que, creio, o governo não se dá conta", assinalou.

Para Dapena, é necessário fazer uma distinção entre a ocupação de terras de uma forma pacífica e de uma forma violenta. "Na Argentina, tomada pacífica de território é o menor delito e de caráter provincial. Não é uma questão federal, de nenhum ponto de vista", adicionou.

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Neste sentido, o assassinato de Nahuel resulta em "ação excessiva". "Ao norte do país também acontecem ocupações de terra por parte dos indígenas que não terminam em morte. Há um erro de concepção governamental que está tentando unificar fenômenos diferentes", explicou Dapena.

Ele acha que as autoridades políticas devem controlar as suas forças de segurança e tentar atenuar os conflitos sociais, ao invés de alimentá-los. A razão disso é que os funcionários do governo encarregados destes temas são pessoas sem nenhuma experiência na gestão de conflitos complexos federais, sem formação na gerência de crises.

O especialista se referiu também a declarações de altos funcionários acusados de conflito com os mapuches, como as da vice-presidente Gabriela Michetti que disse que "o benefício da incerteza sempre tem que ter a força de segurança".

Patricia Bullrich, ministra de Segurança, opina que "alimentar o conflito com declarações explosivas por parte das autoridades políticas faz escalar o mal-estar". Tomar esta atitude na véspera da cúpula é algo totalmente desaconselhável.

O G20, em que integram a União Europeia e mais 19 nações, vai se reunir pela primeira vez na América do Sul para abordar os temas de economia, finanças, emprego, educação, energia, agricultura e outros.

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