A polícia também atacou violenta e arbitrariamente os opositores do governo do presidente Nicolás Maduro, o que a HRW classificou como a repressão mais severa na nação sul-americana em décadas.
"Os abusos viciosos generalizados contra os opositores do governo na Venezuela, incluindo casos flagrantes de tortura e a impunidade absoluta aos agressores, sugerem responsabilidade do governo nos níveis mais altos", disse o diretor das Américas da HRW, José Miguel Vivanco em um comunicado. "Estes não são abusos isolados ou excessos ocasionais por oficiais desonestos, mas sim uma prática sistemática das forças de segurança venezuelanas".
A violência foi uma consequência da dissolução de março da Assembleia Nacional pelo Supremo Tribunal de Justiça, a autoridade judicial mais alta do país e pró-Maduro. Milhares de manifestantes saíram às ruas e os protestos duraram até agosto. Os manifestantes também criticaram a corrupção, a hiperinflação e a falta de alimentos.
Enquanto alguns manifestantes foram vistos envolvidos em violência, como lançando pedras e coquetéis molotov contra opositores políticos, a HRW relata que a supressão do governo Maduro "não fazia parte de um esforço para reprimir manifestações violentas. Em vez disso, as atrocidades foram infligidas a pessoas sob custódia ou sob o controle do pessoal da força de segurança, ou consistiu em violência desproporcional e abuso deliberado contra pessoas em protestos, nas ruas e até mesmo em suas casas.
"A estratégia usada contra o meu país em certos centros de poder é um exemplo claro do uso dos direitos humanos como arma política", disse o ministro das Relações Exteriores, Jorge Arreaza, ao Conselho de Direitos Humanos da ONU em setembro.
Apesar da impopularidade crescente e das acusações de autoritarismo, Maduro e sua aliança mantiveram o controle da presidência. A Assembleia Nacional, que ainda é controlada por partidos de oposição, teve a maior parte do seu poder minado a favor da Assembleia Nacional Constituinte, que é totalmente controlada pelo presidente.