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Ex-líder chileno: 'Brasil complica a vida do Mercosul'

© AFP 2023 / Juan MabromataBandeiras de Mercosul
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O Brasil, que joga sobretudo na liga de potências mundiais dos BRICS, complica a vida do Mercado Comum do Sul (Mercosul) e dos outros países que querem estreitar seus laços com a Ásia, disse à Sputnik o ex-presidente chileno Eduardo Frei, embaixador especial do seu país para a região do Ásia-Pacífico.

"O Brasil faz parte dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), é uma potência mundial que está em outro patamar" e, embora participe também do Mercado Comum do Sul, "o que faz no final é dificultar ainda mais a vida do Mercosul e dos países que desejam buscar maior comércio com a Ásia, por exemplo ", disse Frei durante a cúpula empresarial China-ALC (América Latina e do Caribe) que começou na cidade de Punta del Este (sudeste do Uruguai).

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O ex-presidente referiu-se à Argentina e ao Uruguai, que recentemente assinaram acordos de comércio livre com o Chile, bem como ao Paraguai, "que também expressou sua vontade de assinar".

O Chile é membro associado do Mercosul, formado pela Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Venezuela, cuja participação está atualmente suspensa.

De fato, Santiago está disposta a assinar este tipo de acordos com todos os países do Mercosul, inclusive com o Brasil.

"Se houver vontade, não teremos nenhum problema porque acreditamos que esta é a tendência de hoje, a realidade do mundo, e continuar a tapar o sol com a peneira não faz sentido", disse o ex-líder chileno.

O embaixador observou que "não é por acaso que em menos de um ano assinamos acordos com o Uruguai, com a Argentina e que o Paraguai quer assinar também".

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Porém, continuou Eduardo Frei, "a verdade é que, se você falar com as autoridades de todos esses países, todos dizem que o Mercosul não funciona, na realidade, não serve para nada".

O Tratado de Livre Comércio entre o Uruguai e o Chile, pendente de ratificação pelos poderes legislativos dos dois países, foi negociado em quatro rodadas ao longo de oito meses e assinado em outubro do ano passado.

Trata-se de um pacto de "última geração", assegurou Frei.

Entre as cláusulas figuram o comércio transfronteiriço de serviços, comércio eletrônico, questões de equidade de gênero, regras de origem, medidas sanitárias e fitossanitárias, barreiras técnicas ao comércio, padrões trabalhistas e ambientais, propriedade intelectual e comércio de bens.

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"A denominação de origem que copiamos do TPP [Parceria Transpacífico, também conhecido como TPP, ou seja, Trans-Pacific Partnership] significa que, se eu trouxer um produto argentino para o Uruguai e depois o levar ao Chile, adiciono valor e o exporto para o mercado da Ásia-Pacífico, este fica com a denominação de origem chilena e entra com tarifa zero, e o mesmo se passa ao contrário", explicou o ex-presidente, entrevistado pela Sputnik Mundo.

Isso, na opinião de Eduardo Frei, "permitiria ampliar os limites da região de maneira a exportar produtos com maior valor agregado, mas para isso é necessária uma rede e também que nos unamos todos".

"A alternativa é estar condenados a lutar contra a globalização, que é a mesma coisa que combater a chuva", afirmou.

No Chile, o TLC (Tratado de Livre Comércio) ainda não foi ratificado devido ao recesso parlamentar nas vésperas das eleições gerais que se realizarão no dia 19 do mês corrente.

No Uruguai, por outro lado, a coalizão dominante Frente Ampla tem divergências quanto à conveniência de ratificar o pacto.

Frei se absteve de comentar as questões políticas internas do Uruguai e preferiu sublinhar a experiência positiva que seu país experimentou ao abrir seu mercado.

O TLC com a Argentina, menos avançado que o negociado com o Uruguai, foi assinado no mês passado. O documento atualiza e expande as ferramentas jurídicas de ambos os países que regulam os investimentos, serviços, comércio eletrônico, compras públicas e telecomunicações.

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