As negociações foram congeladas pelo menos até terça-feira, aparentemente para dar aos dois lados a chance de voltar para a Suíça com compromissos mais estruturados. Até agora, a rodada tem sido notável por se transformar gradualmente em uma "guerra de todos contra todos".
GOVERNO VS OPOSIÇÃO
O time da oposição fez um esforço: finalmente formaram uma delegação unificada para as conversas. Anteriormente, várias plataformas de oposição estavam brigando entre si, recusando-se a reconhecer o direito de existir uns aos outros. Como não havia contrapartida nas negociações e nenhuma delegação com a qual negociar, o governo apenas permanecia lutando.
No entanto, de 22 a 23 de novembro, numerosas plataformas de oposição sírias realizaram uma extensa conferência em Riade e conseguiram criar uma equipe de negociações única, compilada pelos representantes da Coalizão da Síria, do Comitê Nacional de Coordenação, das plataformas de Moscou e do Cairo, além de independentes. Eles também elaboraram um documento detalhado de políticas e um programa de negociações. Eles mantiveram seus principais requisitos — a renúncia do presidente Assad no início do período de transição e a saída polícia militar iraniana do país.
Falando aos jornalistas apenas uma vez após o encontro com o Enviado Especial da ONU para a Síria, Staffan de Mistura, Jaafari acusou a oposição de estabelecer pré-condições para as conversas e chamou o comunicado de Riade-2 de uma clara provocação e irresponsabilidade, "minando o caminho de Genebra-8". Ele saiu de Genebra para consultas em Damasco e disse que "verá" se deve retornar ou não. A oposição, por sua vez, chamou a partida do governo de uma demonstração de irresponsabilidade e pré-condições para as negociações.
ONU e SÍRIOS
De Mistura tentou recuperar o controle sobre a situação. No final da quarta-feira, ele emitiu uma declaração didática, na qual lembrou seus anteriores "pedidos de que as delegações que participam nas negociações se abstenham de deslegitimar outros convidados" e "tendo notado declarações inúteis nos últimos dias", exortou os lados a interromper tal comportamento.
MOSCOU, DAMASCO VS DE MISTURA
Jaafari disse a repórteres antes de deixar que Mistura tivesse excedido seu mandato como mediador, propondo seu próprio documento sobre o acordo sírio.
"Não estamos negociando com um mediador, mas através dele. Não nos opomos ao conteúdo do documento, mas à forma", disse Jaafari.
O embaixador da Rússia no escritório da ONU em Genebra, Alexey Borodavkin disse no primeiro dia das negociações que tinha poucas esperanças quanto a Genebra-8, já que Moscou tinha preocupação sobre o formato e a composição dos participantes, o que significa inclusão na delegação da oposição daqueles que têm uma abordagem "não construtiva" e "desapegada das realidades sírias", de acordo com o enviado.
Ainda é cedo demais para dizer se Mistura conseguiu algum sucesso ou falhou em Genebra-8. Na próxima semana, o enviado especial continuará com conversas diplomáticas.