Segundo Vasily Koltashov, nova moeda venezuelana não terá caraterísticas necessárias para ser uma verdadeira criptodivisa.
"Não acho que se trate de uma verdadeira criptomoeda com a emissão distribuída entre os usuários, como o bitcoin. Provavelmente, essa moeda seria uma nova moeda digital lançada pelas autoridades venezuelanas para substituir a divisa nacional que perdeu a confiança do povo. Por isso é preciso mostrar que novas divisas serão apoiadas por algum ativo e poderão ser trocadas por esses ativos. Por exemplo, por galão de gasolina", comentou ele ao serviço russo da Rádio Sputnik.
As autoridades estão tentando mudar essa situação. Em primeiro lugar, é necessário lidar com os problemas na circulação de dinheiro e devolver estabilidade a uma moeda nacional, sublinhou o especialista.
Segundo Maduro, a criação de uma criptomoeda ajudará o país a receber novos empréstimos estrangeiros, ou seja, ele estaria esperando investidores.
A criação de uma criptomoeda nacional e o seu lançamento ao mercado internacional serão passos muito importantes, porque existem as chamadas moedas-mercadorias como o rublo russo, bolívar venezuelano ou real brasileiro. Ao mesmo tempo existem moedas internacionais, usados em transações internacionais – número um é o dólar – que são vendidas em mercados de dinheiro.
Assim foi até a revolução das criptomoedas, quando de repente no mercado entraram novas moedas, em primeiro lugar o bitcoin e os especuladores financeiros começaram a comprá-las, fazendo as divisas virtuais concorrentes das moedas internacionais mais populares.
"Parece que as ações das autoridades da Venezuela são lógicas. Há uma pergunta: como essa ideia será realizada do ponto de vista tecnológico", questionou-se o economista russo.
Tudo indica que no ano que vem a inflação na Venezuela será de 2.300%. Nessas circunstâncias, a criação de uma criptomoeda apoiada por recursos naturais é uma boa ideia.
"Entretanto, há um problema sério: já existem muitas criptomoedas, entre eles o bitcoin é líder que ocupa esse lugar por ter uma emissão limitada. No total, serão criados 21 milhões de bitcoins, por isso cada novo bitcoin é mais caro do que o anterior. Não tem nada a ver com a inflação, possui um mecanismo deflacionário que é um verdadeiro brinde para os especuladores", explicou Koltashov.
"Como as autoridades venezuelanas vão agir nesse sentido? Como vão concorrer com as criptomoedas, tendo em consideração que um dos alvos principais dessa criptorevolução é restaurar a confiança em dinheiro e ao mesmo tempo criar moeda independente dos bancos centrais", acrescentou ele.
Segundo o economista, "o governo venezuelano planejam apenas criar mais uma moeda digital que se chama 'cripto', porque criptomoedas estão na moda".