"Esse míssil tem um peso de lançamento suficiente para transportar múltiplas ogivas nucleares, alvos falsos e sistemas para superar qualquer sistema de defesa antimíssil conhecido […] Poderá superar, enganar e cegar radares e sensores. Essa coisa não pode ser parada", advertiu Joseph Cirincione, presidente da fundação antinuclear Ploughshares Fund.
"Segundo o escritório independente de testes do Departamento de Defesa, o GMD 'provou ser capaz' de defender o território continental dos EUA contra um número reduzido de ameaças provenientes de mísseis balísticos intercontinentais, que possuem 'táticas defensivas básicas'", revelou Reif no artigo.
Para o especialista, neste ponto não está claro o que o Departamento de Defesa dos EUA considera como "táticas defensivas básicas". Ele lembrou que, em 30 de maio de 2017, foi realizado o teste do GMD, que derrubou um míssil balístico intercontinental armado, em princípio, com táticas defensivas básicas, mas depois de analisar os resultados do ensaio, chegou-se à conclusão que estes não foram determinantes.
Raif lembrou que "os norte-coreanos não são estúpidos" e que Pyongyang sabe perfeitamente como se aproveitar dos pontos fracos do sistema de defesa antimíssil terrestre norte-americano. Uma prova disso é, para o especialista, o fato de o último lançamento da Coreia do Norte ter sido feito de noite e sem aviso prévio. "Lançar um míssil sem avisar coloca em dificuldades a nossa capacidade de localizar e estabelecer a sua trajetória. Além disso, o GMD nunca conseguiu interceptar mísseis à noite", explicou Reif.
"Há uma razão para isso. Os raios do Sol ajudam a 'iluminar' os veículos de reentrada múltipla independente [do míssil] e os possíveis alvos falsos [que pode ter no seu interior]", explicou Reif.
Um míssil de reentrada múltipla independentemente direcionada (MIRV na sigla em inglês) é uma coleção de armas nucleares introduzidas em um único míssil balístico intercontinental. O Hwasong-15 tem todas as hipóteses de ser um desses mísseis. Por isso, a escuridão da noite poderia pôr em risco o GDM. “O GDM poderá confundir-se se tentar interceptar um míssil à noite", advertiu Reif.
"O sistema é um lixo […] É suposto ter sido criado para lidar com uma ameaça como essa, mas o historial de ensaios é uma porcaria", reconheceu ele abertamente.
Em 28 de novembro Pyongyang declarou ter testado um novo tipo de míssil balístico intercontinental, Hwasong-15, que pode atingir alvos em todo o território dos EUA. Ainda de acordo com os norte-coreanos, o projétil atingiu uma altitude de 4.475 quilômetros e percorreu uma distância de 950 quilômetros. Tratou-se do primeiro lançamento de um míssil balístico norte-coreano desde o último 15 de setembro, quando Pyongyang disparou um projétil identificado pelo Pentágono como um míssil balístico de médio alcance.