Na opinião de William Perry, que serviu ao governo do ex-presidente Bill Clinton entre 1994 e 1997, o melhor caminho hoje para Seul e Tóquio seria desenvolver suas próprias armas nucleares, ao contrário do envio de armamentos estadunidenses para os dois países.
"Eu não acho necessário ou desejável desdobrar armas nucleares novamente na Coréia do Sul e no Japão", disse Perry em um fórum, de acordo com a agência sul-coreana Yonhap. "Mas acho que é preferível que esses países consigam uma força nuclear independente".
Na Coreia do Sul, opositores do presidente Moon Jae-in vem usando o Parlamento para criticar a conduta do governo, pregando que é impossível trazer Pyongyang para a mesa de negociações e que é tempo de Seul ter as suas próprias armas nucleares.
No Japão, o primeiro-ministro Shinzo Abe pode oferecer ao Legislativo nos próximos meses uma proposta de rever a Constituição do país que proíbe uma série de iniciativas militares, algo que perdura desde o fim da Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Para Perry, os EUA deveriam primeiro fornecer "uma garantia sólida" a ambos os aliados de que seu compromisso com a dissuasão prolongada na região é "real e será honrada" – uma dúvida recorrente desde que o presidente Donald Trump assumiu o país.
"Se pudermos fazer isso, ao longo do tempo trabalharemos com a Coreia do Norte para impedir que eles obtenham um arsenal nuclear", afirmou. "Eu não vejo isso acontecer hoje. Penso que temos que estabilizar a situação com nossos aliados primeiro".
Quando Perry integrou o governo Clinton, EUA e Coreia do Norte firmaram um acordo para que Pyongyang suspendesse o seu programa militar, em troca de ajuda econômica. Contudo, a proposta acabou não resistindo aos anseios norte-coreanos e não perdurou.
Na semana passada, o governo norte-coreano lançou um novo míssil balístico intercontinental (ICBM, na sigla em inglês), o Hwasong-15, que seria capaz de atingir qualquer parte dos EUA, levando consigo uma ogiva nuclear.
O mais recente teste acirrou ainda mais as tensões já altas na península, com Washington reforçando que aceita negociar com Pyongyang, desde que os norte-coreanos congelem o seu programa nuclear – algo que a Coreia do Norte se recusa a fazer em prol da sua soberania.