A maior parte destas vítimas era formada por indígenas, trabalhadores rurais e outras pessoas que lutavam contra interesses poderosos no campo. Como exemplo, é citado o caso da chacina de Pau D'Arco, no Pará, quando dez trabalhadores rurais e ativistas foram mortos em uma operação da Polícia Militar em maio deste ano.
A coordenadora de pesquisa e políticas da Anistia Internacional Brasil, Renata Neder, acredita que o Estado brasileiro faz pouco para impedir essa violência já que não atua efetivamente na investigação e na prevenção destes crimes:
"A não investigação e não responsabilização dos ataques contra defensores dos direitos humanos é um elemento importante nesse ciclo de violência porque passa uma mensagem para quem cometeu esses crimes de que essa violência é aceitável, tolerável e que o Estado nada vai fazer", disse Renata em entrevista exclusiva à Sputnik Brasil.
Ela também pontua que antes dos ataques fatais, costuma haver uma ameaça ou uma agressão — mas as autoridades "fecham os olhos".
A publicação da Anistia Internacional também destaca que a violência contra os defensores dos direitos humanos está aumentando. O número de ativistas mortos no mundo todo em 2014 foi de 136, enquanto em 2016 foram registradas 281 mortes. A íntegra do estudo pode ser conferida no link (em inglês, espanhol ou francês).
"Direitos humanos são os direitos que deveriam ser garantidos à todas as pessoas, o direito a uma vida digna, livre de violência, livre de discriminação, com acesso à saúde e educação", afirma a coordenadora de pesquisa e políticas da Anistia Internacional Brasil.
A publicação também aponta que o Brasil registra um dos maiores números de homicídios de transgêneros no mundo e relembra o caso da ativista e travesti Mirella de Carlo, assassinada em Belo Horizonte por um cliente que discordou do valor do programa e ficou com medo da exposição de seu caso para sua família e amigos.