"Esta é uma crise enorme. A escala de pessoas fugindo da violência é fora do comum, ultrapassando a Síria, o Iêmen e o Iraque", disse Ulrika Blom, diretor do Conselho Norueguês para os Refugiados no Congo. "As comunidades na República Democrática do Congo estão sendo duplamente esmagadas — pelo conflito brutal e pela crise política cada vez pior", acrescentou.
No Congo teve lugar a Grande Guerra Africana, o mais sangrento conflito armado desde a Segunda Guerra Mundial. A guerra durou cinco anos entre 1998 e 2003, matando 5,4 milhões de pessoas, segundo estimativas. Desde então, a situação no Congo tem permanecido instável.
A situação se agravou ainda mais após o presidente Joseph Kabila ter recusado ceder o poder no fim de seu segundo mandato, conforme a Constituição. Kabila lidera o país desde 2011, mas seu governo não tem tido sucesso em combater os numerosos grupos militantes; os sofrimentos da população continuam.
A ajuda internacional quase não se sente por causa da falta de cobertura midiática do conflito. Ao contrário dos países do Oriente Médio, também abalados por conflitos, o Congo não representa um cruzamento de interesses geopolíticos. Apesar da nação ter imensos recursos naturais, possui baixo nível de infraestruturas e a população quase toda vive na pobreza.
"Fadiga de doadores, desinteresse geopolítico e crises concorrentes baixaram a RD Congo na lista de prioridades da comunidade internacional. Esta tendência mortal é paga por milhões de congoleses. Caso não nos esforcemos agora, a fome em massa vai se espalhar e as pessoas vão morrer", afirmou Ulrika Blom.
Ainda que a RD Congo seja o país com o maior número de pessoas deslocadas, não é o único. Em toda a África há 12,6 milhões de deslocados, muitos chegando da República Centro-Africana, Etiópia, Sudão e Sudão do Sul.