Hoje às 21h00 (horário de Brasília) os primeiros contratos futuros (acordos que obrigam as partes a comprar ou vender um ativo por um preço fixo e a ser entregue em um prazo futuro determinado com antecedência) baseados em bitcoin começam a ser negociados na Bolsa de Opções de Chicago (Cboe, na sigla em inglês). A Chicago Mercantile Exchange (CME), a maior bolsa de mercadorias do mundo, lançará contratos futuros da criptomoeda em 18 de dezembro.
A entrada nas bolsas norte-americanas é um evento importante para as criptomoedas. Isso garante o afluxo de capitais por parte dos investidores e grandes fundos. O lançamento de um contrato de futuros em bitcoin vai fazer com que os bancos e as empresas comerciais se protejam da alta volatilidade do preço da moeda digital e que os investidores individuais negociem a criptomoeda de maneira mais fácil.
O lançamento de futuros de bitcoin nas bolsas oficiais, que oferecem ambientes de negociação rigorosamente controlados, atrairá os investidores que anteriormente evitavam as operações com a criptomoeda devido à ausência de controle no mercado, disse à Sputnik Brasil o diretor executivo da empresa BCS Ultima, Oleg Safonov.
Quanto aos interesses da CME e da Cboe, para elas o lançamento de contratos futuros de bitcoin é uma oportunidade de obter mais lucro.
Segundo Vadim Merkulov, analista da empresa de investimentos Freedom Finance, graças às operações com futuros de bitcoin, o volume de negócios da CME pode aumentar 10% em 2018 e o da Cboe pode duplicar.
"As bolsas querem satisfazer a demanda crescente dos investidores institucionais. O lançamento de futuros de bitcoin e a criação de um mercado regulamentado de derivativos dão grandes oportunidades para satisfazer essa demanda", comentou Oleg Safonov.
Entretanto, a criptomoeda ainda é um investimento com alto nível de risco. "Apesar de muitos considerarem o bitcoin como o futuro do mundo financeiro, na maioria dos países não existe regulamentação dessas divisas. Um dia poderia ser assinada uma lei que torne as criptomoedas ilegais e o dinheiro dos investidores em bitcoin desapareceria", avisou Safonov.
Segundo os especialistas, embora o preço do bitcoin esteja em alta, não vale a pena comprar essa moeda.
O analista da empresa de investimentos Finam, Leonid Delitsin comparou a compra de bitcoins com jogos de azar.
"Investimentos em bitcoin são comparáveis aos jogos de azar, enquanto a compra de futuros é como fazer aposta na previsão do tempo ou no impeachment do presidente dos EUA Donald Trump. Os que conseguem prever o futuro podem capitalizar esse conhecimento", disse ele à Sputnik Brasil.
Para os especialistas, o início das negociações de contratos futuros de bitcoins nas bolsas oficiais tem um enorme potencial, mas ao mesmo tempo representa grandes riscos para a economia mundial.
"Enquanto o sistema financeiro mundial não estiver ligado ao bitcoin, é pouco provável uma crise financeira global. No entanto, o lançamento de futuros de bitcoin atua como uma ponte entre o mundo financeiro tradicional e o das criptomoedas. A nova bolha financeira está crescendo porque as pessoas são movidas pela ganância. Devemos entender que são os novos investidores que contribuem para a enorme velocidade de aumento de preço do bitcoin. Atraídos pelos vários recordes históricos do bitcoin, esses investidores não entendem esse mercado, não entendem os riscos", explicou Vadim Merkulov.
Em 2017 o bitcoin bateu numerosos recordes. Leonid Delitsin opinou que o lançamento de contratos futuros desta criptomoeda contribuirá para o aumento do preço do bitcoin no fim de 2018 até cerca de 20 mil dólares (R$ 66 mil).
"Entretanto, em janeiro o seu preço cairia 30-40%, depois disso seria um aumento até 20-40 mil dólares (R$ 66-132 mil). A sua taxa de câmbio terá enorme volatilidade e serão possíveis o pânico e o colapso do preço", afirmou ele.
Uma outra bolsa de valores norte-americana, a NASDAQ, está se preparando para lançar futuros de bitcoin. As operações devem começar no segundo ou no terceiro trimestre de 2018.
O bitcoin é a primeira moeda digital, criada em 2008. Embora hoje haja mais de mil criptomoedas, o bitcoin permanece sendo a criptomoeda mais usada no mundo.