Nova estratégia de Trump: 'não deu com Coreia do Norte, mas venceremos Rússia e China'

© AFP 2023 / PETRAS MALUKASSoldados da 173ª brigada de paraquedistas dos EUA
Soldados da 173ª brigada de paraquedistas dos EUA - Sputnik Brasil
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As autoridades dos EUA apresentaram sua nova Estratégia de Segurança Nacional. Entre as maiores ameaças foram destacadas as ambições da Rússia e da China, as ações dos "Estados párias", ou seja, do Irã e da Coreia do Norte, bem como o terrorismo internacional.

Gevorg Mirzayan, professor do Departamento de Ciências Políticas da Universidade de Finanças do Governo da Rússia, analisa a nova doutrina dos EUA no seu artigo para a Sputnik.

Revisionistas e párias

Analistas e políticos responsáveis compartilham a opinião que hoje em dia o principal inimigo para os países desenvolvidos são, em primeiro lugar, os terroristas islâmicos. Eles são muito difíceis de eliminar porque sua organização não tem uma estrutura clara, com eles não se pode negociar, contudo, eles podem causar danos significativos com gastos mínimos.

"Mas para Trump tal inimigo não serve — ele é pouco personificado e é difícil (sem outro 11 de setembro) mobilizar as elites e a sociedade contra ele. Por isso, além destes adversários em rede, na doutrina são destacados mais dois tipos de inimigo: são os Estados 'revisionistas' e 'párias'", escreve Mirzayan.

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O primeiro grupo é composto de inimigos convencionais respeitáveis, como China e Rússia, "que desafiam o poder e influência norte-americanos e tentam minar a segurança e prosperidade econômica dos EUA". O primeiro revisionista quer expulsar Washington da região do Indo-Pacífico, enquanto o outro quer restabelecer a zona de influência junto a suas próprias fronteiras. No entanto, não se descarta a possibilidade de cooperação com esses países.

Os outros dois inimigos — "as ditaduras da Coreia do Norte e Irã" — não podem ser considerados como respeitáveis por suas caraterísticas, por isso, na teoria da doutrina são chamados de "Estados párias". Estes países, de acordo com os EUA, "desestabilizam premeditadamente suas regiões, ameaçam os norte-americanos e seus aliados e maltratam sua população". O Irã foi também destacado como o principal culpado da ausência de prosperidade e ordem na região e de "patrocinador de terrorismo".

O principal rival

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Numa determinada época, as autoridades norte-americanas criaram uma fórmula: se não o pode eliminar, faça ele participar. Isto se baseia na suposição que o nível de agressividade de um país é inversamente proporcional ao que ele tem, ou seja, quanto menos ele tem para perder, mais agressivo fica. É por isso que esse país tem que ser envolvido na política e comércio internacionais para que isso contribua para o aumento do nível de bem-estar da sua população, para que esta vire o catalisador principal da modernização do regime local. Tudo isso é possível apenas se próprio "envolvedor" demostrar sabedoria, paciência e respeito para com o objeto de envolvimento.

"No entanto, os EUA nos últimos anos não demostraram essa sabedoria. Tudo resultou no impasse do envolvimento, e a nova estratégia, considerando as ações excessivas do executor como falha de todo o conceito, afirma que essa teoria tem que ser reconsiderada", destaca o analista.

Para ela, os inimigos dos EUA usaram a "doutrina de envolvimento" para acumular poder, modernizar a economia e forças armadas, mas não mudaram sua relação negativa em relação a Washington, por isso tem que se alterar a referida fórmula.

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Em primeiro lugar, claro, se trata da China, explica Mirzayan, porque este país, segundo os EUA, modernizou as forças armadas e expandiu a economia, parcialmente graças ao acesso à economia inovadora e excelentes universidades norte-americanas.

A China é posicionada como o principal rival dos EUA (o país é mencionado 26 vezes) em quase todas as regiões, enquanto a Rússia apenas foi mencionada 17 vezes. O que é bom, aponta o analista, porque ser o "principal rival" exige muito dinheiro.

De forma tola, mas poderosa

Então, como é que os EUA vão enfrentar as ameaças indicadas na nova doutrina? Para Gevorg Mirzayan, será "de forma tola, mas poderosa".

Em primeiro lugar, a confrontação será total. A estratégia proclama o mundo como "arena de rivalidade permanente" e afirma que os EUA não vão dividir o mundo nos que estão com eles em guerra e nos que não estão.

A nova estratégia justifica assim as ações preventivas dos EUA contra os "inimigos nomeados" adverte o analista. Depois dessas linhas e sublinhados, é bem provável que muitos "inimigos potencias" dos EUA escolham um caminho de mísseis e armas nucleares como o de Pyongyang.

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Segundo, a confrontação será militar. Descartando a doutrina de envolvimento, Trump aposta na estratégia de imposição. A doutrina aponta que, enquanto os EUA ignoram as ameaças provenientes de países que desenvolvem armas leitais, essas ameaças aumentam. O poderoso exército dos EUA garantirá que os diplomatas estadunidenses podem atuar a partir da posição de força e isso permitirá conter ou vencer a agressão contra os interesses dos EUA, acrescenta o documento.

Vale destacar que sob "ameaça contra os interesses dos EUA" se pressupõe qualquer demonstração de soberania. No entanto, resume o autor, a história da Coreia do Norte mostra que contra um país realimente soberano não se pode usar a posição de força, isso é simplesmente inútil, mesmo que o inimigo dos EUA seja incomparavelmente mais fraco.

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