De acordo com um artigo publicado no jornal russo Rossiyskaya Gazeta, a China superou a ideia da Grande Rota da Seda e agora procura se consolidar como uma verdadeira potência marítima. Isso pode ser observado nos recentes projetos de Pequim, como o da Rota da Seda no Gelo.
Além disso, na China começou uma reforma de larga escala dos manuais escolares, nos quais se enfatiza o papel histórico do comércio marítimo e das viagens marítimas na China, desde a antiguidade e especialmente na Idade Média, sublinha Polina Rysakova, socióloga da Universidade Estatal de São Petersburgo.
No entanto, para a realização do projeto da Rota da Seda marítima, há uma série de obstáculos, desde a ameaça da pirataria na costa da Somália até à capacidade limitada do estreito de Malaca, principal artéria de transporte que liga os oceanos Índico e Pacífico. O número máximo de navios que passam pelo estreito é de 120 mil por ano, enquanto apenas a China precisará de 140 mil até 2020.
Nesse sentido, é mais vantajoso viajar ao longo do Ártico, a chamada Rota da Seda no Gelo, enfatizam os especialistas russos.
O primeiro navio porta-contêineres chinês passou pelo oceano Ártico em 2013. Este ano, 11 navios chineses foram autorizados a utilizar esta rota, incluindo, em setembro passado, um navio mercante chinês que atravessou o oceano Ártico e ancorou em São Petersburgo para reabastecer.
Esta cidade, por sua vez, tem sido o verdadeiro coração marítimo da Rússia nos últimos quatro séculos, sublinhou o governador Georgy Poltavchenko.
"A Rota da Seda marítima não deve de modo algum ser restringida apenas aos territórios do sul, pelo contrário, é necessário diversificar os fluxos de transporte da China para a Europa, e devemos ter uma rede de corredores de transporte em todo o continente euroasiático. Ao mesmo tempo, é importante que a cooperação seja baseada em uma plataforma multilateral que envolva todas as partes interessadas ", concluiu o cientista político Konstantin Pantsyrev, da Universidade Estatal de São Petersburgo.