Rússia na Síria: principais realizações da campanha militar após libertação de Aleppo

© AFP 2023 / VASILY MAXIMOVSoldado russo patrulha cidade antiga de Palmira (foto de arquivo)
Soldado russo patrulha cidade antiga de Palmira (foto de arquivo) - Sputnik Brasil
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O ano de 2017 foi decisivo para a Síria, que finalmente foi libertada dos terroristas. Graças à missão antiterrorista da Rússia e seus aliados, a República Árabe foi salva da destruição, radicalização e do colapso político e econômico.

Desde os alicerces

A guerra na Síria começou em março de 2011 na onda da Primavera Árabe. Os manifestantes exigiam o afastamento do poder do presidente Bashar Assad, causando desordens em massa e transformando as perturbações em um conflito armado de grande escala.

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Passado algum tempo, nele se envolveram não só os principais países da região, mas também organizações internacionais, grupos militares e potências mundiais. O papel chave na oposição às forças governamentais desempenhavam diferentes grupos terroristas, entre os quais os mais ativos foram o Daesh e a Frente al-Nusra (organizações terroristas proibidas na Rússia).

Em 30 de setembro de 2015, a pedido do presidente sírio, Bashar Assad, a Rússia começou a efetuar ataques aéreos contra as posições dos terroristas na Síria utilizando a Força Aeroespacial, o que obrigou a oposição a iniciar negociações de paz.

Em 14 de março de 2016, o presidente russo, Vladimir Putin, mandou retirar as principais forças russas da República Árabe, mantendo os pontos de permanência naval em Tartus e aéreo em Hmeymim para garantir a segurança.

O dia 11 de dezembro de 2017 marcou o fim da operação antiterrorista. Neste dia Putin desembarcou na base aérea russa em Hmeymim e ordenou o início de retirada das tropas russas da Síria para seus pontos de posicionamento permanente.

© AP Photo / Mikhail KlimentyevPresidente russo, Vladimir Putin, discursando para as tropas russas na base aérea de Hmeymim, Síria, 11 de dezembro de 2017
Presidente russo, Vladimir Putin, discursando para as tropas russas na base aérea de Hmeymim, Síria, 11 de dezembro de 2017 - Sputnik Brasil
Presidente russo, Vladimir Putin, discursando para as tropas russas na base aérea de Hmeymim, Síria, 11 de dezembro de 2017

Libertação de Aleppo

O mês de dezembro do ano passado ficou marcado pela libertação de Aleppo, a segunda cidade mais importante economicamente, depois de Damasco, que permitia controlar o norte do país, as regiões fronteiriças com a Turquia onde vivem os curdos e o território do noroeste do Iraque.

No decorrer da operação, a Força Aeroespacial da Rússia efetuou uma série de bombardeamentos e ataques com mísseis de cruzeiro contra as posições dos terroristas no noroeste da Síria.

A libertação de Aleppo minou a base econômica dos terroristas e suspendeu os fluxos de militantes a Raqqa, a chamada capital do Daesh.

Logo na cidade foram introduzidos os especialistas do Centro Internacional Anti-Minas para a desminagem do território, bem como unidades da Polícia Militar da Rússia a fim de garantir a ordem em Aleppo e fornecer assistência ao governo sírio.

© Sputnik / Ministério da Defesa da Rússia / Acessar o banco de imagensEngenheiros militares do centro internacional de desminagem do exército russo continuam operação de desminagem em Aleppo oriental, na Síria
Engenheiros militares do centro internacional de desminagem do exército russo continuam operação de desminagem em Aleppo oriental, na Síria - Sputnik Brasil
Engenheiros militares do centro internacional de desminagem do exército russo continuam operação de desminagem em Aleppo oriental, na Síria

De Aleppo a Deir ez-Zor

Já em janeiro de 2017, o contingente russo começou a se reduzir. Ao mesmo tempo, em Astana, Cazaquistão, realizaram-se negociações entre a delegação da oposição armada e os representantes de Damasco oficial com mediação da Rússia, Turquia e Irã e que continuam em curso hoje em dia.

A Rússia também apresentou um projeto da futura constituição síria e, junto com a China, apoiou a Síria durante a votação no Conselho de Segurança da ONU, vetando a resolução que visava impor sanções à Síria por alegado uso de armas químicas. Mais tarde, a Rússia apresentou provas na Organização para a Proibição de Armas Químicas de que o ataque químico foi falsificado.

Em março de 2017, o exército sírio restaurou o controle completo sobre a cidade antiga de Palmira e, em maio do mesmo ano, a Rússia, Irã e Turquia acordaram as quatro zonas de desescalada na Síria durante as negociações regulares em Astana.

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Um marco importante teve lugar em junho, quando a Força Aeroespacial da Rússia bombardeou a base do Daesh em que estava o seu líder Abu Bakr al-Baghdadi que, de acordo com algumas fontes, acabou por ser morto.

Depois da libertação da província de Aleppo em agosto de 2017, cerca de 85% do território sírio foram libertados dos terroristas. Posteriormente, o exército sírio rompeu o cerco de três anos da cidade de Deir ez-Zor, as cidades de Raqqa e Al-Bukamal foram limpas dos terroristas.

Ao final, em 11 de dezembro, Vladimir Putin mandou efetuar a retirada das tropas russas da Síria. De acordo com o presidente, os militares russos cumpriram sua tarefa brilhantemente, mostraram coragem, heroísmo e determinação e regressam para junto de seus familiares com a vitória.

A Rússia cumpriu também suas promessas de fornecimento de armamentos e equipamentos militares ao governo sírio, bem como de treinar militares do país em crise. A base aérea em Hmeymim e o posto de manutenção técnica e abastecimento da Marinha russa em Tartus continuarão funcionando. Além disso, a Síria conta com o Centro de Reconciliação russo em seu território e três batalhões da Polícia Militar.

Avanços, tarefas anunciadas e cumpridas

Além da Força Aeroespacial da Rússia, na Síria foi empregado o potencial da Marinha russa e das Forças das Operações Especiais transferidas para lá em 2015. Pela primeira vez, a Rússia decidiu posicionar a Polícia Militar no exterior.

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Na Síria, mais de 48 mil soldados do exército russo ganharam experiência de combate, entre eles cerca de 14 mil foram condecorados.

Em geral, os militares russos testaram cerca de 600 unidades de armas e material militar. Uma atenção especial foi prestada às armas novas para verificação de possíveis falhas e seu posterior aperfeiçoamento. Em particular, durante a operação foram submetidos à prova os sistemas de mísseis Iskander, Bastion e Kalibr, mísseis de cruzeiro Kh-101, dando assim um impulso à indústria militar russa.

A campanha militar também tem para a Rússia uma importância política. O resultado mais óbvio dela é o reforço das posições do presidente sírio Bashar Assad e das da Rússia como intermediário nas negociações de paz quanto à questão síria.

A posição geopolítica da Rússia se tornou mais sólida, em especial nas relações com a Síria, Líbano, Iraque e Irã. O último recebeu finalmente os complexos de defesa antiaérea russos S-300.

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A Rússia assumiu três objetivos principais para a operação na Síria. O primeiro – a derrota dos terroristas – foi cumprido. Do território enorme inicialmente controlado pelos militantes somente restou um pequeno pedaço que em breve será limpo pelas forças governamentais sírias.

O segundo objetivo foi salvar a Síria como Estado, não o próprio Bashar Assad, mas a Síria como Estado laico. Acima de tudo, Moscou conseguiu parar o processo da Primavera Árabe no país, que não levaria à liberalização, mas sim, à radicalização ou até à desintegração.

A terceira finalidade – proteção da Rússia dos terroristas e ideias radicais – por enquanto foi cumprida parcialmente, porque a própria guerra ainda não acabou. A derrota completa do Daesh pode levar algum tempo.

Finalmente, não foi ainda resolvido o problema curdo, e há de ser lançado um processo abrangente de estabilização pós-guerra, o que exigirá esforços persistentes e minuciosos tanto por parte dos serviços especiais e militares, como dos diplomatas.

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