Os EUA são a única potência pronta para lançar a primeira pedra porque são, entre todos os países com seus interesses na região asiática, a nação que menos se importa com o status quo. Na verdade, ressalta o professor, o país está mais interessado na reunificação das duas Coreias do que a própria Coreia do Sul, que se acostumou a viver com o vizinho do norte, pelo menos por enquanto.
"Nem o Japão, nem a China disseram uma palavra sobre o uso da força para impedir que a Coreia do Norte continuasse seu programa nuclear, apenas os Estados Unidos o fizeram", enfatizou.
Talvez, ele salienta, os fatos sejam o que são porque os custos de um conflito armado na região do Pacífico são menores para os Estados Unidos do que para o resto do mundo.
Embora seja verdade que o país tem interesses não só nas Américas, do outro lado do mundo, e não obstante no nordeste da Ásia residirem meio milhão de norte-americanos e inúmeras empresas deste país terem lá seus negócios, os EUA "permanecem geograficamente e culturalmente bem longe".
O resto dos países envolvidos no conflito se mostram muito menos beligerantes em relação a Pyongyang e estão se tornando conscientes das novas capacidades da nação "juche".
Isto, apesar do fato de ser incômodo para o resto do mundo aceitar que Pyongyang possui armas nucleares, especialmente dada sua pouca experiência com esse tipo de armas e os riscos para a segurança regional que isso implica, enfatiza o autor, relembrando o que aconteceu em Chernobyl.
"Todos os países da região são o que os especialistas em relações internacionais chamam de ‘poderes de status quo'. A China, a Rússia, o Japão e as Coreias não estão dispostas a lidar com os custos de modificar o status quo territorial […] A Ásia Oriental tem evitado os conflitos armados durante quase 40 anos, após a intervenção chinesa no Vietnã em 1979", argumenta.
Isso não significa que as potências da área não valorizem os seus próprios interesses e não desejem mudanças na região.
Por exemplo, é provável que a China busque fortalecer seu domínio ou que o Japão não se importe de procurar uma forma de resolver vários conflitos territoriais a seu favor.
Durante décadas, o conflito entre as duas Coreias foi evitado e deve continuar sendo assim, apesar da nuclearização de Pyongyang. Ninguém mostrou estar seriamente disposto a começar uma guerra… exceto os Estados Unidos, conclui Kelly.