Depois as crianças foram levadas para os EUA, onde foram adotadas, mudaram de religião e receberam novos nomes.
"Tinha 13 anos, o meu irmão Cumali tinha dois. Primeiro eles levaram Hatice e depois Secil. Uma vez, uma família estrangeira nos visitou, eles chegaram com um pacote de comida. No mesmo dia eles levaram Hatice. Minha mãe nunca se envolvia no que estava acontecendo, ela não tinha força para confrontar meu pai, que vendeu seus filhos. Ele era alcoólatra e jogava por dinheiro", contou a mulher.
O programa sobre a história de Sabiha Berberoglu abalou a sociedade turca. Logo surgiu um artigo do colunista Murata Karaman, no jornal pró-governamental turco, Sabah, em que autor leva testemunhos de moradores da região de Adana que denunciaram casos múltiplos de crianças turcas serem trocadas por dinheiro.
Ele contou ainda que uma vez uma militar da base Incirlik propôs para sua esposa que vendesse sua filha por um montante significativo.
"Minha esposa me contou que esta mulher queria levar minha filha. Quando ouvi isso até passei mal. Como uma pessoa pode vender seu próprio filho? Apenas louco pode fazer isso", disse.
"Como eu sei, eles escolhiam habitualmente famílias pobres e compravam suas crianças. Os que trabalhavam na base, americanos e turcos que conheciam bem Incirlik, ficavam sabendo quais famílias passavam por tempos difíceis e logo surgiam propostas para que vendessem seus filhos", contou Aslan.
Mais um morador local que pediu anonimato relatou o seguinte: "Entre as décadas de 80 e 90, os militares americanos levaram muitas crianças turcas daqui para os EUA. Na época, uma estudante engravidou de seu namorado. Era muito tarde para fazer aborto, por isso quando o bebê nasceu ela vendeu-o a militares americanos. Eu sei que algumas famílias chegaram até a encontrar e se comunicar com seus filhos depois. Pelo que sei, hoje em dia já não acontecem essas coisas."