De acordo com o especialista, este é um dos objetivos do segundo encontro ministerial entre a China e os países-membros do grupo, que decorrerá entre 19 e 22 de janeiro na capital chilena Santiago e da qual participará também o chanceler chinês Wang Yi.
O analista, que falou com a Sputnik China, observou que Pequim foi a primeira a parabenizar o novo presidente, ultrapassando até o principal aliado regional de Piñera, o presidente Macri da Argentina. Para Kharlamenko, isto indica que a China está disposta a manter o desenvolvimento ativo dos laços com o Chile e espera uma posição chilena construtiva como de um dos países copresidentes da CELAC.
"A CELAC foi criada na época de uma virada à esquerda na América Latina, com um papel de liderança de Cuba, Venezuela e dos antigos governos de centro-esquerda no Brasil e na Argentina. Hoje em dia, a política de Cuba e Venezuela coincide com a linha chinesa. Ela consiste em que esta nova organização [CELAC], sem EUA e Canadá, tem que ser preservada independentemente do pluralismo político e da mudança de governos em vários países da região", frisa o analista.
"Vamos ver se dará certo e se a política da CELAC será eficiente nas novas condições políticas. Não é nenhuma surpresa que o bloco de Mauricio Macri na Argentina e o bloco de Sebastián Piñera no Chile têm sido mais orientados para os EUA", adiantou.
"Seria bom que esses esforços dessem certo, pois isso aumentaria a autossuficiência da América Latina e a estabilidade de todo o panorama global. Mas o problema é que os blocos de direita nos países latino-americanos têm usado, e continuam usando, nas suas atividades pré-eleitorais e políticas a carta antichinesa. Ou seja, eles não param de sublinhar que o capital chinês quase escraviza a América Latina, que a dependência da China substitui a dependência dos EUA, o que preserva a orientação unilateral baseada nas matérias-primas", ressalta Kharlamenko.
O analista confessou que não tem certeza que estes novos governos consigam mudar seus lemas políticos, desenvolvendo laços estreitos com a China, e será desta disponibilidade dos líderes latino-americanos que vai depender a realização do projeto.
Além disso, o diretor do Centro da América Latina da Universidade de Anhui, Fan Hesheng, lembrou em uma conversa com a Sputnik que esta é a primeira reunião entre a CELAC e a China após a chegada da nova administração nos EUA.
Ademais, continuou o especialista chinês, este evento é importante dada a nova equipe no poder nos EUA, pois a América Latina costuma ser chamada de "quintal estadunidense". Nesta nova situação, é importante que a China alcance mais consenso com seus parceiros quanto ao reforço da confiança mútua.