"A morte heroica na Síria do piloto russo Roman Filipov gerou a nova onda de suspeitas em relação à Turquia. Há pessoas que dizem que poderiam ter sido os turcos a armar os jihadistas na província de Idlib com o mesmo sistema de mísseis antiaéreos que derrubou o Su-25 russo", afirmou Pyotr Akopov, o autor do artigo.
"Muitos estão interessados em que a Rússia e a Turquia recomecem a se enfrentar", sublinhou Akopov. O analista lembrou que a última guerra entre a Rússia e a Turquia ocorreu há 100 anos e que agora, na Síria, onde ambos os países apoiam frações completamente opostas, tanto Ancara como Moscou "conseguiram chegar a acordo não apenas no que se refere às ações comuns, mas também no que respeita aos interesses que partilham ambos os países".
"Se as relações entre a Rússia e a Turquia passarem a prova da guerra síria, poderemos falar de relações fortes e sobre as boas perspectivas que abre a cooperação estratégica para ambos os países", declarou Akopov.
Entretanto, para o analista, as relações com a Rússia e o Irã se tornam importantes para a Turquia do ponto de vista geopolítico. "As relações do trio formado pela Rússia, Turquia e Irã são determinadas não pelos desejos ou sentimentos de seus líderes, mas por interesses objetivos", opina Akopov.
Rússia e Turquia têm tantos projetos conjuntos (energéticos, regionais e geopolíticos) que "é absurdo que os dois países se recusem a construir relações que beneficiem ambos os países", disse o especialista.
"A isso junta-se a entrega dos sistemas antiaéreos russos S-400, ou seja, a decisão turca de comprar esses sistemas, apesar da pressão norte-americana, uma ação que põe sobre a mesa a questão se a Turquia está se aproximando de tornar-se uma potência regional autossuficiente”, disse o analista.
Moscou, por sua vez, está interessada em uma Turquia independente e forte, não subordinada aos interesses da OTAN, concluiu Akopov.