7 grandes diferenças entre eleições presidenciais russas e norte-americanas

© AFP 2023 / GRIGORY DUKOR / POOL / AFPO presidente da Rússia, Vladimir Putin, visita zona eleitoral durante eleições parlamentares em Moscou, 18 de setembro de 2016
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, visita zona eleitoral durante eleições parlamentares em Moscou, 18 de setembro de 2016 - Sputnik Brasil
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Há grandes diferenças na campanha e eleições presidenciais na Rússia e nos EUA. Em seu artigo especial para a Sputnik, o colunista Andranik Migranyan destaca as 7 principais.

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1. Atividade de partidos

Nos EUA existem mais de 100 organizações que se consideram como partidos. Entretanto, apenas duas delas, isto é, o Partido Republicano e o Partido Democrata, participam do processo de governança e lutam pelo poder a escala nacional. Já por mais de 150 anos, os representantes destes partidos se sucedem um ao outro na Presidência dos EUA.

Na Rússia, por sua vez, já vão decorrer as sétimas presidenciais desde o começo do período democrático no país, mas nenhum dos presidentes que as venceu até hoje pertencia a qualquer partido. Ademais, não houve nenhum governo formado pelo partido que venceu as legislativas. Nisso, ressalta o colunista, se reflete uma certa "imaturidade" do sistema político russo, pois tanto Eltsyn quanto Putin, por exemplo, desfrutavam de muito mais apoio que qualquer partido político, por isso, evidentemente, não se apressavam a se vincular a qualquer força política.

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Entretanto, vale sublinhar que o número de partidos que participam das eleições é maior que nos Estados Unidos.

2. Primárias

Nos EUA, os candidatos à presidência dos principais partidos são escolhidos pelos ativistas desses partidos durante as eleições primárias, as chamadas "primaries". Isto é um processo longo e espinhoso que pode levar até 2 anos.

Já na Rússia, o sistema das primárias, tanto nas presidenciais quanto legislativas, ainda está nascendo.

3. Gastos

Não é segredo nenhum que as eleições estadunidenses, especialmente as presidenciais, são de fato uma luta "entre sacos de dinheiro", escreve o autor. Os gastos com campanhas eleitorais estão crescendo permanentemente, e hoje em dia já se trata de bilhões de dólares.

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Na Rússia, por sua vez, os fundos que um candidato pode recolher e gastar é rigorosamente restringido pela lei, seja ele representante de um partido ou um candidato independente.

4. Fontes de financiamento

A fonte principal das campanhas eleitorais nos EUA não é o dinheiro que aflui à sede de campanha de um candidato, mas os meios financeiros gastos pelos chamados comitês de ação política de apoio aos candidatos. Enquanto isso, essas entidades visam inclusive promover seus próprios interesses.

Assim, os comitês de ação política dos sindicatos costumam apoiar o Partido Democrata, enquanto os das grandes empresas são mais inclinados a apoiar os republicanos.

Entretanto, no ano de 2010, nos EUA houve uma mudança que fez com que os gastos aumentassem ainda mais, após o Tribunal Supremo ter autorizado a criação de "supercomitês" de ação política, representados inclusive por corporações e sindicatos, que deixaram de ter qualquer limite no que se trata das doações de pessoas jurídicas.

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Deste modo, o resultado das eleições, em grande parte, depende da intensidade da publicidade a favor de um candidato e contra seus oponentes que, evidentemente, depende do dinheiro acumulado.

5. Debates

Nos EUA, desde a época dos debates televisivos entre Nixon e Kennedy durante a corrida presidencial de 1960, têm sido extremamente populares os debates políticos, tanto na fase das primárias entre os vários candidatos de cada partido, como na etapa final entre os dois candidatos "finalistas".

Porém, esta não é uma exigência constitucional, pois qualquer candidato pode se recusar a participar do evento. Por exemplo, os candidatos republicano e democrata quase nunca debatem com os representantes dos partidos da "segunda e terceira liga". Estes candidatos quase não aparecem nos canais de TV nacionais. Uma das raras oportunidades surgiu em 2016, quando a emissora russa RT organizou tais debates para os candidatos "secundários".

Na Rússia, os presidentes são muitas vezes criticados por não participarem de debates na TV, escreve o colunista. Entretanto, para o atual líder russo, que desfruta de 80% de popularidade, "não faz sentido" debater com os candidatos com "ranking muito baixo", opina Migranyan.

Talvez, caso na Rússia algum dia se desenvolva um sistema bipartidário, ressalta ele, e surjam candidatos com um nível de apoio mais ou menos igual, "a participação dos debates se tornará necessária" para atrair os eleitores "indecisos".

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6. Curso da campanha

Os dois principais candidatos nos EUA não precisam conduzir uma campanha ativa por todo o país, pois a maioria esmagadora dos estados está marcada com cor azul ou vermelha, o que quer dizer uma inclinação histórica desta área para votar a favor dos democratas ou republicanos, respetivamente.

De fato, restam mais ou menos 12 estados onde o resultado das eleições é bem imprevisível e onde de fato se realizam disputas eleitorais.

Em opinião do colunista, as mudanças étnicas, religiosas e raciais na sociedade americana no futuro podem levar a que as eleições decorram de fato em 1-2 estados, ou seja, se tornarão ainda mais previsíveis.

7. Diretas e indiretas

E, finalmente, a última diferença, que também parece ser a mais importante, consiste de que na Rússia se realizam eleições diretas, enquanto nos EUA elas são indiretas, ou seja, em duas etapas.

Assim, as eleições russas "correspondem ao princípio mais importante do sistema democrático, que diz que a democracia é o governo da maioria".

Já o sistema estadunidense tem sua história e suas peculiaridades. Os próprios Pais Fundadores acreditavam que eles estavam criando não um sistema democrático, mas uma república que tivesse tal configuração que não permitisse a concentração de todo o poder apenas em um instituto ou em uma camada social. Em opinião deles, isso poderia levar "ou à tirania de um determinado instituto ou à tirania da maioria". É por isso que nos EUA sempre se deu tanta atenção ao sistema dos chamados pesos e contrapesos.

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Assim, dentro do sistema estadunidense ganha não aquele que ficou com a maioria dos votos dos eleitores, mas aquele que assegurou a maioria dos estados para depois ser escolhido pelo Colégio Eleitoral. Deste modo, é sabido que nas últimas presidenciais a corrida foi de fato vencida por Hillary Clinton, se contássemos o número de votos dos cidadãos, porém, de acordo com as peculiaridades eleitorais do país, Donald Trump acabou por ganhar.

Em resumo, o autor tira a seguinte conclusão:

"Hoje em dia, nos EUA já é evidente para todos que a Constituição escrita nos finais do século XVIII, em outras condições histórias, é bem arcaica, pouco democrática e cria muitos problemas no caminho de um funcionamento eficiente do sistema político americano. Entretanto, ela é uma vaca sagrada e poucos se arriscariam a exigir publicamente sua revisão, especialmente se tomarmos em consideração que tanto a minoria com poder e dinheiro quanto os estados pequenos continuarão lutando por manter seus direitos e privilégios."

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