Oficialmente, a corrida eleitoral na Rússia começou em 18 de dezembro, precisamente 3 meses antes da votação, embora alguns "candidatos à candidatura" tivessem começado suas campanhas muito mais cedo.
Para os candidatos dos partidos, exceto as forças políticas que integram o parlamento, se trata de 100 mil assinaturas (distribuídas entre todas as regiões do país), enquanto para os presidenciáveis independentes a tarefa vira um pouco mais complicada, isto é, têm de coletar 300 mil assinaturas. No que se trata dos partidos com representação parlamentar, seus candidatos, pela lei nacional, se livram desta necessidade.
No início da campanha, eram já 23 as pessoas que tinham expressado publicamente seu desejo de concorrer à Presidência. Entretanto, nem todos eles vão conseguir percorrer todo o caminho, tendo algumas candidaturas já sido rejeitadas pela Comissão Eleitoral. Descubra toda a história em nossa matéria!
Putin: conceito de estabilidade
O atual líder do país, Vladimir Putin, ocupou o respectivo cargo pela primeira vez em 2000, sucedendo a Boris Eltsin após deste se demitir voluntariamente durante a tradicional mensagem televisiva de Ano Novo.
Ao longo de 2017, ao concluir o último mandato de 6 anos, que foi caracterizado tanto por êxitos como por dificuldades, o político não se apressou a anunciar sua recandidatura, enquanto vários ativistas de oposição já estavam em plena "campanha eleitoral" informal.
Afinal das contas, Vladimir Putin decidiu fazer esta declaração histórica durante um encontro com operários da fábrica automobilística GAZ, em 6 de dezembro, tendo sido amplamente apoiado pelo público. Para muitos analistas, tal ocasião não foi escolhida por acaso — ela, inclusive, reflete o vasto apoio popular de que o líder russo desfruta.
O próprio partido, agora presidido pelo premiê e ex-presidente russo Dmitry Medvedev, já manifestou seu apoio à candidatura de Putin. Seu "afastamento" desta força política, por sua vez, pode ser motivado pela vontade de não se encaixar ou se limitar a uma só orientação política.
Putin, como líder popular, sempre quis representar os interesses das várias camadas de população — e, talvez, tenha sido por isso que não aderiu a qualquer movimento político, por mais próximas que fossem suas ideias.
Hoje em dia, as sondagens indicam que cerca de 68% dos cidadãos russos estão dispostos a votar no atual presidente. Então, no que é que se baseia sua plataforma política?
Para um cidadão comum da Rússia, Vladimir Putin representa um símbolo de força, crescimento, por mais doloroso ou inconstante que seja, a saída da terrível crise dos anos 90, o renascimento da Rússia como uma grande potência no exterior e mediadora de conflitos internacionais. E não há dúvida nenhuma que tudo isso será levado em conta pelos eleitores quando estes forem às urnas em 18 de março de 2018.
Loira contra todos
Em 18 de outubro, a Rússia foi de súbito abalada por uma "explosão" midiática — isto é, o anúncio feito pela famosa estrela da TV, empresária e jornalista russa Ksenia Sobchak. O caso foi percebido pelos russos com perplexidade, tanto mais que a celebridade não demorou a enfatizar que não planeja de fato ser presidente, mas quer apenas representar os cidadãos descontentes e que desejem, na pessoa dela, votar "contra todos". Esta opção "contra todos" foi, aliás, eliminada em 2006 dos boletins nas eleições gerais russas.
Mas por que é que a possível candidatura de Sobchak enfrentou uma reação popular tão negativa? A coisa é que, na mente de um cidadão comum russo, ela pouco se associa com alguma atividade séria, muito menos política, já que começou sua carreira na TV com shows divertidos de pouca qualidade e se enraizou na cabeça das pessoas como a chamada "Paris Hilton russa".
Entretanto, em algum momento a jornalista na verdade começou a se envolver na política. Foi no ano de 2012, quando ela participou de várias manifestações populares (tendo uma vez sido assobiada durante o discurso), chegou a um dos canais de oposição russos para ser locutora do seu programa autoral e até integrou o Conselho de Oposição Russa, que, porém, acabou por fracassar, pois os seus membros acabaram por não achar um consenso e formular sua agenda política.
Talvez tal candidatura como Sobchak pudesse ser uma alternativa para alguns grupos populacionais na Rússia, como as elites ou a juventude. Entretanto, esta parte dos eleitores, segundo as avaliações prévias, não constitui mais que 1-2 por cento. E ainda não há certeza que mesmo esta porcentagem de pessoas acredite realmente na competência da apresentadora como futura chefe de Estado.
Mais alternativas
Um dos mais conhecidos críticos de Putin e opositores russos, tão acarinhado pela mídia ocidental, Aleksei Navalny, anunciou sua candidatura um ano antes do início da própria campanha oficial, começando a fazer viagens pelas diferentes regiões e abrindo sedes em quase todas as cidades russas.
Ao mesmo tempo, na primavera e início do verão, incitou vários protestos populares "não sancionados", ignorando os apelos das autoridades municipais. Para seus críticos, isto foi até avaliado como "ato de covardia", pois ele próprio não compareceu no evento, mas "lançou" centenas de menores à rua para protestar.
A plataforma de Navalny sempre se baseou na ideia de combater a corrupção — uma ideia boa que se pode aplicar a quase todas as sociedades do mundo, porém, bem escassa para ser um candidato à Presidência.
O programa do político, para muitos, é populista e inconsistente, enquanto as investigações jornalísticas conduzidas pelo seu Centro de Combate à Corrupção muitas vezes carecem de evidências sólidas.
Mais uma surpresa da atual corrida eleitoral foram as transformações na liderança da maior força comunista russa, o Partido Comunista da Federação da Rússia, tradicionalmente apoiado pela população mais velha, "forjada" no contexto da realidade soviética.
Desta vez, o partido não será representado pelo seu líder, Gennady Zyuganov, que já concorreu às presidenciais 4 vezes, mas por uma nova figura, Pavel Grudinin, cuja promoção pasmou muitos. A razão para isso consiste, pelo menos, no fato de Grudinin ser um empresário muito alheio à ideologia comunista, o que não parece corresponder muito às aspirações do respectivo eleitorado.