A moção foi redigida pelo presidente da Duma, Vyacheslav Volodin, e pelos chefes das quatro bancadas parlamentares em meados de abril, dias após o Departamento do Tesouro dos EUA divulgar uma lista de 24 cidadãos russos e 14 corporações russas que se enquadram nas novas sanções impostas à política externa russa.
"O principal objetivo desta lei federal é defender os interesses econômicos e a segurança da Federação da Rússia, sua integridade territorial e os direitos e liberdades de seus cidadãos, de ações hostis dos EUA e outros estados estrangeiros que impõem sanções políticas ou econômicas contra a Federação da Rússia, seus cidadãos e empresas ou quaisquer outras atividades que visem desestabilizar a política ou a economia da Rússia", diz o projeto recentemente aprovado.
O documento inicial continha uma longa lista de restrições propostas, como a suspensão total da cooperação com empresas norte-americanas nas esferas nuclear, de mísseis e de construção de aeronaves, a proibição de compra de títulos dos Estados Unidos, um embargo comercial a produtos americanos (em particular tabaco e álcool), e a proposta de permitir que empresas russas produzam vários produtos, com direitos autorais nos Estados Unidos ou em países aliados a ele, sem obter licenças dos detentores dos direitos.
No entanto, o esboço inicial causou muitas críticas de especialistas jurídicos, meios de comunicação de massa e público em geral, que disseram que as proibições generalizadas poderiam causar mais danos aos consumidores russos e parceiros de negócios de empresas estrangeiras. Isso levou os legisladores a emendar o rascunho com a previsão de que "as medidas restritivas não deveriam se aplicar a bens de importância vital que não têm análogos produzidos dentro da Rússia".
Além disso, a Duma excluiu quase todas as medidas específicas do projeto final e permitiu que o presidente Vladimir Putin introduzisse restrições específicas nos planos propostos pelo governo. O presidente também poderá suspender a cooperação entre a Rússia e nações hostis, organizações registradas em tais nações ou controladas por elas, direta ou indiretamente.
Outra medida proposta é um embargo comercial a certas mercadorias, no entanto, que não será estendido sobre coisas importadas por cidadãos russos para uso pessoal.
Em meados de maio, o centro de pesquisa da opinião pública russa independente Levada divulgou os resultados de uma pesquisa, segundo a qual 78% dos russos não encontraram problemas sérios devido às sanções impostas ao país pelos EUA e seus aliados. Já 45% reconheceram problemas menores depois que as sanções foram impostas, mas os descreveram como não sendo sérios. Apenas 3% dos russos disseram que a pressão econômica e política do Ocidente causou sérios problemas para eles e suas famílias.
Na mesma pesquisa, 26% dos russos disseram que não sentem nenhuma preocupação com as sanções políticas e econômicas do Ocidente, enquanto 42% admitiram preocupação ligeira, não excessiva sobre o assunto.