"O verdadeiro bloqueio internacional de países como a Rússia, essencial nas relações internacionais e na diplomacia política, é impossível", disse Peskov ao canal russo NTV durante o Fórum Econômico Internacional de São Petersburgo (SPIEF), destacando que o evento é uma prova definitiva disso.
Espera-se que o fórum deste ano atraia 14 mil participantes, com os principais visitantes, como o presidente francês Emmanuel Macron e o primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe.
Quando alguns países recorreram à introdução de sanções contra a Rússia, eles foram contra os desejos de seus principais contribuintes, ou seja, os empresários, que nunca entenderam como as sanções poderiam beneficiar seus negócios, declarou Peskov.
O porta-voz do presidente russo Vladimir Putin acrescentou que "cedo ou tarde" chega um momento em que "os interesses econômicos prevalecem sobre a pressão política".
Peskov destacou que, apesar do cumprimento geral por parte da União Europeia (UE) das sanções impostas pelos EUA, nem todos os países permaneceram surdos aos desejos expressos de seus contribuintes e eram "politicamente sábios" de não cumprir a linha dura anti-russa em geral.
As sanções contra a Rússia já provaram ser prejudiciais para os países europeus.
O recém-formado governo italiano, liderado por dois partidos eurocépticos, criticou as sanções impostas por Bruxelas, que já custaram bilhões de euros às empresas italianas, como prejudiciais à sua economia. A insatisfação geral com as medidas anti-russas se refletiu no acordo entre a Liga Norte e o Movimento das Cinco Estrelas. Seu programa pedia a suspensão imediata das sanções anti-russas, destacando que a Rússia "não deveria ser vista como uma ameaça, mas como um parceiro econômico e comercial".
Um secretário da Liga, Paolo Grimoldi, disse que eles "não são os únicos na Europa que consideram as sanções contra a Rússia inúteis". O político disse à RT que não estava claro por que os países europeus deveriam "sofrer" se "algumas pessoas na Crimeia realizou um referendo e decidiu se juntar à Rússia".
As sanções provaram ser impopulares ao setor empresarial alemão. A presidente do partido alemão A Esquerda (Die Linke), Sahra Wagenknecht, disse em uma entrevista recente que as sanções contra a Rússia "prejudicam principalmente empresas europeias e alemãs". Uma pesquisa conduzida pelo Instituto Forsa revelou que uma esmagadora maioria dos cidadãos alemães (90%) desejava um melhor relacionamento com a Rússia.
No total, mais de 100 russos foram colocados em listas de sanções da UE desde que a primeira rodada de medidas foi aprovada por autoridades europeias há quatro anos.