Erdogan critica os EUA por ação que pode impedir venda de caças F-35 aos turcos

© REUTERS / Umit BektasPresidente da Turquia Tayyip Erdogan. 16 de março, 2016
Presidente da Turquia Tayyip Erdogan. 16 de março, 2016 - Sputnik Brasil
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O presidente turco Recep Tayyip Erdogan alertou os Estados Unidos, seu aliado na OTAN, de que deveriam se comportar mais como um parceiro estratégico do que colocar obstáculos legais aos acordos de armas com os turcos. A observação foi em resposta aos planos dos EUA de bloquear as vendas dos caças F-35 para Ancara.

"Dizemos que os EUA são nosso parceiro estratégico. Como nosso parceiro estratégico, os EUA não devem dizer que devemos bater em outra porta", disse Erdogan na sexta-feira.

Falando para a TV Turkish Star, Erdogan estava se referindo a um projeto de lei recentemente apresentado no Senado dos EUA com o objetivo de interromper o envio de caças furtivos F-35 para Ancara.

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"Se somos parceiros estratégicos, se somos parceiros modelos, os EUA não deveriam nos enganar legalmente aqui", questionou o presidente turco.

A Turquia encomendou 100 jatos americanos, e as duas primeiras unidades serão implantadas até 2019. O projeto de lei dos gastos militares, que ainda está para ser votado, está sendo empurrado por senadores dos partidos Republicano e Democrata. Ele diz que Ancara não receberá a aeronave prometida e seu depósito de manutenção se "degradar a interoperabilidade da OTAN" e "expor os recursos da OTAN a atores hostis".

Os senadores dos EUA também não querem que a Turquia compre os aviões se tentar comprar armas das nações sob as sanções de Washington. Os legisladores também citaram a detenção de cidadãos norte-americanos por Ancara e as potenciais ameaças à Grécia, outro aliado da OTAN, como razões para deixar de vender caças à Turquia.

O projeto foi apresentado na esteira dos planos da Turquia de comprar baterias de mísseis S-400 da Rússia. O acordo foi assinado entre Ancara e Moscou em dezembro passado. As baterias deveriam ser enviadas em 2020, mas a data foi adiantada para o verão de 2019, confirmou uma autoridade do governo turco em abril.

O Departamento de Estado dos EUA alertou a Turquia que "deveria estar atento aos riscos de fazer concessões estratégicas a Moscou", e que o acordo com a Rússia pode "potencialmente" levar os EUA a impor sanções a seus aliados.

O governo turco denunciou a lei como uma violação do "espírito da aliança" entre os dois países, alertando que, se os aviões de guerra dos EUA não forem entregues como prometido, Ancara irá explorar outras opções em outros lugares.

A discussão sobre o acordo de armas é a mais recente tensão nas relações entre os EUA e a Turquia, que vêm se deteriorando há vários anos. Ancara criticou duramente os EUA por não entregar o exilado clérigo turco Fethullah Gülen, acusado pelo governo de planejar uma tentativa de golpe em 2016. As duas nações também entraram em confronto com operações militares turcas contra as forças curdas na Síria.

Os EUA pressionaram de maneira semelhante outros países que buscam adquirir sistemas de mísseis russos de última geração. Entre eles está a Índia, que, como a Turquia, concluiu conversas para comprar a S-400, com um contrato que deve ser assinado este ano.

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Na terça-feira, o presidente do Comitê de Serviço Armado da Câmara, William Thornberry, disse à imprensa indiana que o próximo acordo "limitará o grau em que os EUA se sentirão à vontade" enviando armas para o país. A Índia planeja manter o acordo com a Rússia, informou o jornal Hindustan Times na sexta-feira, citando fontes do Ministério da Defesa. A imprensa indiana diz que essa medida coloca em risco um acordo prévio com os EUA sobre o envio de drones Predator fabricados nos Estados Unidos.

Outro comprador em potencial dos sistemas de mísseis S-400, o Qatar teria recebido um aviso severo de sua vizinha Arábia Saudita, que mantém laços estreitos com os EUA. De acordo com o jornal francês Le Monde, o rei saudita escreveu uma carta ao presidente francês dizendo que a compra de sistemas de mísseis russos pelo Qatar colocaria em risco a "segurança nacional" saudita e até ameaçaria "ação militar" contra o Qatar se o acordo fosse realizado.

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