"O presidente do LDPR, Vladimir Zhirinovsky, se dirigiu ao presidente russo, Vladimir Putin, com uma carta em que ele propôs enviar uma mensagem aos líderes ucranianos e informá-los de que o tratado de amizade entre a Rússia e este país não está mais em vigor", citou o serviço de imprensa do partido nesta quinta-feira.
Em sua carta, Zhirinovsky observou que o tratado de amizade com a Ucrânia entrou em vigor há quase 20 anos e que, durante esse período, muitas de suas partes se tornaram inúteis, enquanto algumas do resto são regularmente e descaradamente violadas pelo lado ucraniano.
"Os parlamentares da bancada do LDPR precisam declarar que o tratado de amizade não está funcionando", diz o comunicado da sigla.
Além disso, Zhirinovsky recordou os acontecimentos de 2014, dizendo que na época o poder na Ucrânia era praticamente dominado por "portadores de ideologia radical" que provocavam distúrbios no território ucraniano e usavam as forças militares nacionais contra sua própria população e instigavam uma guerra real no sudeste do país. Zhirinovsky alegou que o objetivo final desses radicais era "a separação dos povos russo e ucraniano".
"Milhares de civis, a maioria deles russos étnicos, foram mortos nos 4 anos de combates na Ucrânia. A língua russa é proibida lá, os direitos dos falantes de russo são infringidos e eles chamam oficialmente a Rússia de 'nação agressora'. Assim, a política ucraniana contradiz não apenas o Tratado de Amizade, mas também os princípios geralmente aceitos do direito internacional", escreveu o presidente do LDPR.
Ele então lembrou que o tratado havia sido assinado por um período de 10 anos, com extensão automática subsequente para novos períodos de 10 anos à medida que o primeiro expira, e com uma única condição para término — o lado cessando o acordo deve informar o outro pelo menos seis meses antes do final do atual período de 10 anos.
"Tendo em mente que o Tratado de Amizade perdeu toda a sua urgência e não está sendo implementado, os MPs do LDPR pedem a vocês, caro Vladimir Vladimirovich, que inicie o término do Tratado de Amizade, Cooperação e Parceria entre a Federação Russa e a República da Ucrânia", concluiu Zhirinovsky.
O tratado inicial de amizade e cooperação entre a Rússia e a Ucrânia foi assinado em 1997 e prorrogado por mais uma década em 2008. As principais disposições do documento especificam que as partes concordam em cooperar em várias organizações internacionais e também em garantir igualdade de direitos e liberdades para os cidadãos de cada país.
Em 2016, o alto funcionário do Partido Comunista da Federação Russa, Valery Rashkin, encaminhou um pedido para terminar o Tratado de Amizade com a Ucrânia para o ministro de Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov.
O ministro respondeu que enquanto as atuais políticas anti-russas do governo ucraniano continuam sendo motivo de preocupação, a iniciativa de revogar o grande tratado de liberdade e cooperação foi considerada inoportuna e injustificada.
Lavrov acrescentou que diplomatas russos consideram importante o desenvolvimento de laços de amizade com a Ucrânia e que o cancelamento do tratado de amizade anteriormente assinado dificilmente contribuiria para resolver os numerosos problemas nas relações entre os dois países, que se acumularam desde o golpe que levou à instalação de um novo regime em Kiev.