Segundo a edição chinesa Global Times, a licitação foi anunciada pela Corporação Nuclear Nacional da China em 21 de junho. Além das funções de quebra-gelo, o navio deve também funcionar como usina energética flutuante.
A opinião de Galimullin se baseia na análise do documento "Política Ártica Chinesa", publicado em 26 de janeiro pelo Gabinete de Informação do Conselho de Estado chinês. Essa é a primeira publicação oficial que detalha a política da China na região do Ártico, sublinhou Jack Durkee do Centro Wilson.
Nesse documento, a China se autodenomina como "um Estado quase ártico" ("near-Arctic state"), mas não explica porquê, diz simplesmente que "a China é um dos Estados continentais mais próximos ao Círculo Polar Ártico".
"Se este critério fosse aplicado com seriedade, então a Coreia do Sul, o Japão, o Polônia e os três países bálticos também seriam 'quase árticos'. O mesmo seriam o Reino Unido, a Alemanha, a França, bem como os países sem fronteiras marítimas, como a Bielorrússia, o Cazaquistão e a Ucrânia, todos localizados aproximadamente à mesma distância do Ártico", ironizou Galimullin.
O especialista russo mencionou também o quebra-gelo que deve ser lançado já em 2019 sob o nome de MV Xue Long 2.
Para que precisa a China do Ártico? O documento identifica a quintessência da visão da China quanto a esta região: considera-se que "hoje esta se estende muito além de sua natureza regional" e "tem uma importância vital para os interesses dos Estados que não fazem parte da região e também para os interesses da comunidade internacional em seu conjunto". Depois vem a clarificação: "As condições naturais no Ártico e suas mudanças afetam diretamente o clima da China, o estado do meio ambiente e, por sua vez, os interesses econômicos na agricultura, pesca e silvicultura, para além de outros setores".
"É evidente que a China fala em respeitar e reconhecer os direitos dos Estados árticos, suas jurisdições nacionais e sua soberania sobre os territórios, mas, se alguém constrói com seu próprio dinheiro 80% das fábricas em uma terra, então de quem esta será? Ou melhor, quem obterá os benefícios máximos da sua utilização?", perguntou Galimullin.