O critério da Global Witness para considerar uma pessoa como ativista é se ela atuava de forma pacífica para proteger o direito a terra ou o meio ambiente.
O Brasil encabeça o ranking das nações analisadas, seguido pelas Filipinas (48 mortes), Colômbia (24), México (15), Congo (13) e Índia (11).
"Em vez de tomar medidas para evitar tais atrocidades terríveis contra os ativistas, o Presidente Michel Temer enfraqueceu as leis e instituições destinadas a protegê-los. Ele tornou mais fácil do que nunca para setores como o agronegócio — associado a pelo menos 12 assassinatos no Brasil em 2017, de acordo com estatísticas da Global Witness — impor seus projetos em comunidades sem o consentimento destas", diz a Global Witness no relatório.
"A bancada ruralista no Brasil ganhou muita força com o governo Temer, o governo se tornou (…) extremamente submisso às bancadas que compõem o Congresso como a dos ruralistas, da mineiração, dos bancos. No campo a terra é um elemento de disputa de poder muito forte, onde já havia necessidade de regularização e retomada do direito dos povos. Essa ruptura política trouxe um retrocesso muito grande", explica, acrescentando ainda que só no ano passado, foram cinco chacinas no campo.
Moreira argumenta ainda que, como os crimes não são investigados, a sensação de impunidade permanece e contribui para o aumento nos números de mortes violentas.
"A sensação de impunidade muito grande. A prática da pistolagem, da milícia é constante. À medida que grupo contratado para eliminar trabalhadores rurais e quilombolas praticam crimes e percebem que os mandantes não foram julgados, acaba servindo como incentivo à perpetuação dessas práticas", denuncia.
O governo brasileiro se manifestou sobre o levantamento por nota, acusando a ONG se apresentar "dados equivocados, inflados, frágeis e [de] metodologia duvidosa".
A nota continua defendendo a importância do agronegócio para o país e defendendo as políticas de proteção aos direitos humanos implementadas por Michel Temer, nomeado um dos responsável pelo aumento no casos de assassinato pela Global Witness.
"Eventuais crimes são localizados e não se pode generalizar acusações a todos agricultores brasileiros, sem fundamento. Ao contrário do que afirma o equivocado levantamento, o presidente Michel Temer aumentou área de preservação, criou a maior reserva marinha do mundo e trabalha em respeito ao meio ambiente, (…) ministério para cuidar da segurança pública e tem apoiado estados onde há crise neste setor".
Comentando a posição, Paulo classificou a resposta e a postura governamental como "extremamente preocupante".
"O governo se encontra em uma situação de nenhuma autoridade para se falar sobre morte no campo, ele praticamente acabou com o Ministério do Desenvolvimento Agrário, desestrurando e sucateando a instância governamental responsável pelo conflito agrário. Existem suspeitas nossas (da Comissão Pastoral da Terra) que por trás destes conflitos, existam questões de disputa pela terra, neste momento é [uma posição] extremamente contraditória. [O governo] é um agente incentivador desta barbárie", denunciou à Sputnik.