Cinco fontes confirmaram à imprensa que o plano do "patriarca da diplomacia norte-americana" consiste em usar a Rússia como um país agressivo contra a China, que vem ameaçando à hegemonia global dos EUA.
De fato, pressupõe-se que a Rússia cumpra a mesma função em relação à China, que a Ucrânia tem desempenhado em relação à Rússia, ou seja, converter-se em uma fonte de tensões, de riscos e um participante ativo de um possível bloqueio econômico ou logístico.
Danilov enfatiza que nem a Casa Branca nem o escritório de Henry Kissinger desmentiram a matéria do Daily Beast, tornando, assim, essas informações ainda mais confiáveis.
Dificilmente saberemos a verdade sobre as alegadas propostas de Henry Kissinger, contudo, a ideia de que existe certa agenda antichinesa explica perfeitamente todos os passos que os norte-americanos deram em relação à Rússia, incluindo novas sanções e a cúpula entre Vladimir Putin e Donald Trump em Helsinque, acredita o analista russo.
De acordo com Danilov, muitos ex-parceiros de Trump afirmam que seu método típico corresponde, em primeiro lugar, às ameaças mais rígidas possíveis, seguidas por uma concessão muito pequena, geralmente insignificante, mas no contexto de ameaças parece importante.
Desse jeito foram negociadas a situação em torno da Coreia do Norte e a guerra comercial com a China. No caso da Rússia, é ainda mais evidente: primeiro são impostas sanções como chicotadas, depois surge uma ameaça de sanções adicionais e, como uma cenoura, vem o hipotético cancelamento de sanções e até mesmo recebimento dos investimentos norte-americanos.
O problema dessa abordagem é que, mesmo nas negociações, apesar de seus enormes laços políticos, a origem de elite e grandes recursos financeiros, Trump enfrentava oponentes ou parceiros que não queriam tolerar seus métodos, e depois das primeiras ameaças acabavam abandonando as negociações, recordou o analista.
Para o jornalista, é difícil imaginar uma tática de interação mais improdutiva com Vladimir Putin do que a das ameaças de Trump. O líder russo frisou repetidamente que é impossível conseguir cooperação com a Rússia através de ameaças ou pressões.
"Não importa o quão doces sejam as promessas de 'amizade' com Washington contra Pequim, aceitar o 'plano de Kissinger' seria um grande erro. Basta olhar para a Ucrânia para perceber a transformação do país que está sendo usado como 'aríete' contra uma grande potência vizinha", assinalou Danilov.
A julgar pelas ações da administração de Trump, sua equipe ainda está se concentrando na ideia de usar a Rússia contra a China através de um chicote de sanções e uma cenoura diplomática. No entanto, as possibilidades de colocar esse esquema em prática são nulas, assegurou o analista.
"Um diálogo realmente produtivo nas relações russo-americanas só pode começar quando a Casa Branca entender que a Rússia não é um 'martelo geopolítico' para quebrar a Grande Muralha da China, mas é um dos polos de força global com seus direitos e interesses", ressaltou.