Nesta sexta-feira (3), a taxa de câmbio do yuan offshore, negociado fora da China continental, atingiu seu nível mínimo dos 15 últimos meses: US$ 6,8. Assim, em termos anuais, a moeda chinesa perdeu 5% do valor em relação ao dólar. De acordo com vários analistas, caso essa tendência se mantenha, até o ano que vem a cotação do yuan em relação à moeda norte-americana pode alcançar 1:7.
Entretanto, analistas do Goldman Sachs não relacionam a desvalorização do yuan com ações propositadas de Pequim, explicando a tendência com fatores econômicos.
Não é somente o yuan que vem perdendo valor em relação ao dólar, mas também as moedas de outros países em desenvolvimento, o que tem a ver com o fortalecimento da moeda norte-americana. Além disso, o dólar está se valorizando em resultado da repartição de receitas das empresas norte-americanas no âmbito da reforma tributária. A guerra comercial entre Washington e Pequim também está afetando o preço do yuan devido às preocupações dos investidores, que acreditam que a China será mais prejudicada do que os EUA nesta guerra (pelo menos devido ao desequilíbrio comercial).
"Para a China, o enfraquecimento do yuan a longo prazo não é vantajoso. Por um lado, em certo grau isso ajuda os exportadores. Por outro, todas as empresas envolvidas nas importações de petróleo, aço e outra produção, enfrentarão dificuldades", assinalou o analista, acrescentando que as tarifas dos EUA "não têm nada a ver com isso".
"A queda do yuan a longo prazo afetará de forma negativa a sua internacionalização. Mas ele [yuan] não vai cair por muito tempo, trata-se de um evento temporário. Da mesma forma, o dólar não vai crescer para sempre, uma vez que a administração de Trump pretende ampliar as exportações", indicou.
Além disso, em condições de desaceleração do crescimento econômico, um yuan fraco não beneficiaria a China. Levando em consideração a dependência crescente da China do petróleo e gás, a desvalorização do yuan aumentará os custos de produção, o que fará a economia nacional desacelerar ainda mais.
No momento, medidas de resposta da China em relação aos EUA no âmbito da guerra comercial continuam sendo desconhecidas. Entretanto, a maior parte dos analistas acredita que o envolvimento em guerras cambiais não trará nenhumas vantagens a Pequim.