O economista russo Vladislav Ginko, professor titular da Academia de Economia e Serviço Público junto à Presidência da Rússia, comentou a situação das sanções americanas contra diferentes países em uma conversa com o serviço russo da Rádio Sputnik.
Pressão contra a China
"Todos os fatos e acontecimentos dos últimos anos mostram que a Rússia é o único país que na verdade tem continuado a conduzir uma política em seus interesses nacionais e pode responder aos desafios e sanções", disse o especialista, dizendo que, de fato, as tarifas introduzidas por Washington em relação a Pequim são "verdadeiras sanções", iguais às impostas contra Moscou.
No que se trata da possível redução das importações de petróleo iraniano sob pressão da Casa Branca, Ginko supôs que esta hipótese será bem provável caso a parte norte-americana proponha certas condições a Pequim, por exemplo, suas próprias entregas, ou dos países aliados, como a Arábia Saudita.
"Ao observar a China, certamente vejo que as autoridades tentam demonstrar uma atitude decidida contra as medidas restritivas e a guerra comercial [com os EUA], e, de fato, se até lhes batem nas mãos por causa daquilo que eles têm todo o direito de comprar….De fato, a China tenta se adaptar às exigências dos EUA, encontrar alguma via, que na verdade não tem", disse.
Para ele, as exigências dos norte-americanos em relação à China são "chocantes".
"Pedir a um país soberano que não compre alguns produtos… Hoje se trata das compras de petróleo, amanhã seria outra coisa", lamentou. Entretanto, até hoje só a China se recusou a descartar as importações de petróleo iraniano, ao contrário de outros países aliados de Washington.
Segundo se sabe, no outono o governo norte-americano planeja introduzir mais um pacote de sanções contra o Irã, o que pode influenciar de modo muito negativo a economia do país, especialmente caso as sanções sejam ativamente apoiadas pelos aliados estadunidenses.
Para o economista russo, Teerã, porém, "lidou com decência" com as sanções importas contra ele ao longo dos anos.
"Isto já faz com que o Irã procure novos caminhos. Primeiro, eles já descartaram quase completamente o uso do dólar dentro do país […], segundo, eles tentam usar novas tecnologias, o que inclusive gera muitas discussões. Se trata, em primeiro lugar, de criptomoedas", contou, traçando um paralelo com a Venezuela.
Porém, no caso da Venezuela, a respectiva iniciativa acabou em uma situação difícil logo no início por se tornar objeto de restrições impostas por Trump.
"Os EUA estão muito preocupados por as novas tecnologias poderem tornar inúteis e fragilizar suas sanções", sublinhou.