Será que Turquia e EUA estão caminhando rumo à ruptura das relações?

© AP PhotoCaça norte-americano F-15 decola da base aérea de Incirlik, Turquia, dezembro de 2015 (foto de arquivo)
Caça norte-americano F-15 decola da base aérea de Incirlik, Turquia, dezembro de 2015 (foto de arquivo) - Sputnik Brasil
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Em entrevista à Sputnik, especialistas turcos comentaram a crise política entre Turquia e Estados Unidos, bem como possíveis cenários do desenvolvimento da situação.

O aposentado general-major das Forças Armadas da Turquia, Ahmet Yavuz, notou que a crise nas relações entre Ancara e Washington não é antiga e que as tensões ao redor do pastor americano Andrew Brunson, preso na Turquia desde outubro de 2016, é somente a ponta do iceberg.

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"A crise política se manifesta periodicamente em várias esferas de cooperação entre Turquia e EUA. A investigação em relação ao pastor Brunson é mais uma manifestação óbvia. Os EUA, embora em escala diferente, mas, ao mesmo tempo, escolheram como alvo a Rússia, Irã e Turquia. Por um lado, os EUA querem continuar a cooperação com estes países [com exceção do Irã] e, por outro, tentam na medida possível e de vários modos pressioná-los. Não temos todas as informações sobre o caso Brunson, mas a postura dos EUA nesta questão é inaceitável de todos os pontos de vista. Trata-se da abordagem de Washington de tratar a Turquia como colônia, declarando necessidade do uso de um ou outro castigo em relação a Ancara. Washington considera Ancara um alvo fácil, agravando a situação ainda mais por se tratar de relações jurídicas intergovernamentais", disse em entrevista à Sputnik Turquia.

Yavuz considera que enquanto os EUA não derem passos reais rumo ao melhoramento da situação em questões como extradição do propagador islâmico Fethullah Gulen, acusado de participar do assassinato do embaixador da Rússia na Turquia, Andrei Karlov, não vale a pena esperar que Ancara dê os primeiros passos.

"Se as autoridades turcas decidirem reagir rigorosamente às ações dos EUA, pode ser tomada a decisão sobre o fechamento da base militar em Incirlik e suspensão do uso do radar em Kurecik. Por sua vez, essas ações podem provocar novos passos de resposta, e a tensão política entre os dois países pode se transformar em uma ruptura", explicou o militar aposentado turco, adicionando que, por enquanto, os EUA não estão se esforçando para resolver os problemas existentes.

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No entanto, o professor da Faculdade de Relações Internacionais da Universidade de Ancara, Hasan Unal, frisou que a crise é inevitável, porque os "EUA têm considerado a Turquia desde o início da Guerra Fria não como aliado, mas como colônia".

"Se olhar para a situação de forma estrutural torna-se óbvio que as relações turco-americanas atingiram, digamos, um ponto sem volta. Os posicionamentos da Turquia e dos EUA não coincidem em praticamente nenhuma questão. Até mesmo nos assuntos de política externa, que são muito importantes para a Turquia, os EUA aplicam uma política hostil ao nosso país. […] Já não se pode falar sobre a Turquia e EUA como aliados. […] Os EUA desde a época da Guerra Fria têm considerado a Turquia não como um aliado, mas como uma colônia, por isso, mais cedo ou mais tarde, a crise nas relações se manifestaria inevitavelmente", sublinhou Hasan Unal.

Entre os problemas nas relações bilaterais, ele citou a retirada dos militares turcos do Chipre, a falta de apoio à Turquia no mar Egeu e, acima de tudo, o apoio norte-americano ao Partido dos Trabalhadores do Curdistão para criação de um Estado curdo independente.

O professor continuou: "Ao invés de usarem métodos diplomáticos, os EUA optaram por pressionar, podendo levar ao rompimento das relações."

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De acordo com Hasan Unal, para que as posições turcas sejam reforçadas, Ancara deve estreitar suas relações com Síria, Egito e Israel, e que, para contornar a crise, Turquia deve seguir uma política contrária a Washington.

"Temos que mostrar para [Estados Unidos da] América que não tememos ameaças, sendo necessários um posicionamento decisivo e sólido e uma estratégia de xadrez bem pensada. […] Os EUA entendem o idioma de força e pressão. Deparando-se com força do adversário, eles começam a ser guiados pela lógica. E se a Turquia não se mostrar sólida, ela pode sofrer grandes perdas e pode dar aos EUA possibilidade da futura pressão na região, e em particular, no que se refere às sanções anti-iranianas", concluiu o analista.

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