Recentemente, o professor Carr deu uma palestra no Instituto de Física da Academia de Ciências da Rússia e falou sobre o surgimento dos buracos negros nos primeiros dias do universo e que papel desempenharam na sua evolução. Em entrevista à Sputnik, o cientista também explicou como chegou à conclusão de que os mundos paralelos existem e que o nosso universo é um deles.
"Estes buracos negros, de fato, devem ser os únicos objetos capazes de sobreviver ao fim de um universo. […] Caso eles existam, então desempenharam um papel importante na evolução do universo, servindo de […] uma espécie de DNA dos buracos negros supermaciços no centro das galáxias", disse o astrônomo.
Porém, admite, é difícil verificar esta teoria e muitos especialistas duvidam que isso seja possível.
Mas há outro fator que explica o surgimento da humanidade em um universo "adequado" para nós, acrescenta Carr. Hoje em dia, muitos cosmólogos acreditam que nosso universo possui certas características únicas, em particular, a proporção de matéria visível, escura e energia, que tornam possível a existência de estrelas, planetas e condições propícias para o surgimento da vida.
O cientista britânico oferece duas respostas possíveis.
"Primeiro, as propriedades únicas do universo poderiam ter sido indicadas por forças sobrenaturais, o que eu, ao contrário de muitos colegas, não excluo por completo. Por outro lado, é possível que exista o chamado multiuniverso. Acredito nesta opção mais do que na existência de determinadas forças sobrenaturais", opinou Carr.
Bernard Carr, assim como outros cosmólogos que defendem a teoria das cordas, acredita que o nosso universo é apenas um de numerosos mundos paralelos, fazendo parte do multiuniverso. Estes "outros mundos" podem possuir as características mais diversas, o que livra os cientistas da necessidade de explicar as propriedades únicas de nosso universo.
"Acho que um dia vamos descobrir sem dúvida sinais de outras dimensões e de mundos paralelos, que apontam para a existência do multiuniverso", opina o astrônomo.
Chave do multiuniverso
A ideia de multiuniverso poderá ser verificada se os astrônomos calcularem quantos buracos negros surgiram no universo quando seus limites começaram a se estender rapidamente nos primeiros segundos após o Big Bang.
"O número de buracos negros primordiais não pode ser casual. Se o universo tivesse estes em excesso, não sobraria matéria para a formação de galáxias, estrelas e planetas. Se tivesse poucos, as propriedades da matéria escura seriam diferentes das indicadas pelos atuais estudos das galáxias relativamente jovens", explicou Carr.
Outro possível sinal são as recém-descobertas explosões rápidas de rádio (FRB, na sigla em inglês) provenientes de cantos distantes do universo.
Se um dia os buracos negros primordiais forem encontrados, supõe o cientista, eles poderão abrir o caminho ao multiuniverso e ajudar a responder à principal pergunta da astronomia — como é que a gravitação funciona.
Apesar das críticas em relação à teoria das cordas e do multiuniverso, Bernard Carr não exclui a descoberta de mundos paralelos.
"Gastamos 100 anos para descobrir as ondas gravitacionais. É bem provável que precisemos do mesmo tempo para encontrarmos dimensões paralelas e confirmarmos a teoria das cordas. E os buracos negros primordiais serão a chave para esta descoberta", concluiu o cientista britânico.