A Síria permanece formalmente em estado de guerra com Israel e continua reivindicando a sua soberania sobre as colinas de Golã, que lhe foram arrebatadas em 1967 e depois anexadas de forma unilateral pelos isrelenses.
Na terça-feira (4), o jornal israelita Haaretz publicou excertos das memórias de Kerry, denominadas "Every Day Is Extra".
"Assad me perguntou o que era necessário para iniciar sérias negociações de paz, esperando garantir a devolução das colinas de Golã, que a Síria tinha perdido em 1967. Eu lhe disse que, se ele levava o assunto a sério, deveria expor suas propostas. Ele perguntou o que era necessário para isso. Eu partilhei com ele as minhas ideias. Ele pediu ao seu assistente para elaborar uma carta para o presidente Obama", escreve Kerry.
Tendo recebido a carta de Assad, Kerry se dirigiu para Israel e mostrou o documento ao primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, recentemente regressado ao poder.
Como explica o Haaretz, até o fim de 2011 a Síria e Israel realizaram realmente conversações com a mediação dos EUA, porém não conseguiram atingir qualquer entendimento. Segundo os dados da edição, a carta de Assad para Obama foi mencionada apenas uma vez por Kerry em uma entrevista de 2015, mas sem o detalhe da discussão do documento com Netanyahu.
O jornal acrescenta que, nas suas memórias, Kerry escreve sobre a Síria chamando-a de "ferida aberta" que ficou depois da administração Obama, bem como de problema sobre o qual "pensa todos os dias".